terça-feira, 2 de junho de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - LITAS RICARDO


Agradecemos à autora LITAS RICARDO pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

A minha percepção é muito pessoal, dado que sou uma exploradora de um mundo que poucos tendem a querer ver.
Acredito que este período veio trazer muitos benefícios para muitas pessoas, mas para outras, certamente que o entenderão que não, que este período só veio prejudica-las, tendo em conta que o mesmo trouxe uma grande mexida nas vidas pessoais, familiares e sociais.
Muitas desenvolveram aptidões pessoais que desconheciam em si, as redes sociais foram muito mais usadas para fins culturais e aproximação, que adveio igualmente de um isolamento social.
Particularmente, trabalhei o tempo todo. Só mesmo ao fim-de-semana é que parei, o que me permitiu terminar projetos que estavam parados há muito e desenvolver outros que estavam somente no pensamento. Tendemos a querer chegar a todos o lado, e este isolamento, veio trazer-me a mensagem pessoal de que é tempo de cuidar de mim, de parar para me ouvir e para neste mundo SER.

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Este tempo foi mágico para mim.
Terminei o terceiro romance, que estava guardado há quase 2 anos, à espera de tempo para o rever; habituei-me a gostar da minha fisionomia na divulgação em vídeo das minhas inspirações; participei em eventos culturais on-line, ofertando-me um mundo que desconhecia; tive mais quietude, abrindo-me mais à escrita e não só; tive tempo para olhar mais para mim e para a família que construi; e muito mais.  

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Particularmente falando, tenho uma visão positiva. Falar de um aspeto social, seria entrar numa esfera ferida e débil, e decidi há algum tempo não o fazer.

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Não me influenciam e também até á data, e já lá vão uns anos de vida, não posso dizer que me senti diferente em qualquer grupo, por ser mulher. Nem a nível profissional, nem literário.
Posso apenas referir a questão a nível familiar / educação, que, com requintes muito inteligentes, fugi o mais que pude.
Talvez seja privilegiada, ou então, inconscientemente seletiva.  

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Até á data, publicava os meus textos nas redes sociais, em formato de foto ou em texto. Com a situação da pandemia, habituei-me a fazê-lo através de imagem, o que me deu mais expressão.
Participo em antologias, e, dentro da minha possibilidade também estou presente em eventos.
Recebo retorno a variados níveis, e sou grata por todo o gesto público ou privado, que, felizmente, são muitos.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Da minha parte, só tenho pontos positivos que são muito pessoais. O que é mesmo importante para mim, é que seja o que for que eu escreva, faça sentido a alguém e quanto a isso, só tenho a agradecer a mim própria, porque consigo fazê-lo.
Não tenho nenhum aspeto negativo a mencionar, porque ainda não passei por nenhum.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

A curto prazo, tenho o romance para lançar, o que aguardará com tranquilidade o momento certo.
A longo prazo, tenho um projeto em mente, do foro literário. decorrente de um amor a crianças portadoras de Trissomia 21.
Tenho os recursos, faltando o principal, que é a disponibilidade. Para quem tem que viver do trabalho diário, e fazer toda a ginástica de uma família, mesmo tendo ajudas (o que é o meu caso), é preciso dedicação e ainda não consegui atingir esse patamar.
Tenciono chegar lá.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Não faço ideia. É difícil direcionar um tema, quando me sinto livre para escrever.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

É ingrato mencionar uma autora, quando gosto de muitas outras. Inicialmente, antes de entender um pouco melhor este percurso literário, cheguei a mencionar nomes. Hoje, sinto que não devo de o fazer.
O que me inspira é essencialmente a natureza, o interior de cada ser humano, como um todo; e o que me influencia é, essencialmente, o meu estado de alma no momento em que me predisponho a escrever.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Quem és?
Resposta: Não sei. Continuo empenhada à procura de mim, com alegria e gratidão a cada instante.

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