Agradecemos à autora LITAS RICARDO pela disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 - Qual a sua percepção para essa pandemia
mundial?
A minha percepção é muito pessoal, dado que sou
uma exploradora de um mundo que poucos tendem a querer ver.
Acredito que este período veio trazer muitos
benefícios para muitas pessoas, mas para outras, certamente que o entenderão
que não, que este período só veio prejudica-las, tendo em conta que o mesmo
trouxe uma grande mexida nas vidas pessoais, familiares e sociais.
Muitas desenvolveram aptidões pessoais que desconheciam
em si, as redes sociais foram muito mais usadas para fins culturais e
aproximação, que adveio igualmente de um isolamento social.
Particularmente, trabalhei o tempo todo. Só
mesmo ao fim-de-semana é que parei, o que me permitiu terminar projetos que
estavam parados há muito e desenvolver outros que estavam somente no
pensamento. Tendemos a querer chegar a todos o lado, e este isolamento, veio
trazer-me a mensagem pessoal de que é tempo de cuidar de mim, de parar para me
ouvir e para neste mundo SER.
2 - Enquanto autora, esse momento afetou o
seu processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais
inspirada?
Este tempo foi mágico para mim.
Terminei o terceiro romance, que estava
guardado há quase 2 anos, à espera de tempo para o rever; habituei-me a gostar
da minha fisionomia na divulgação em vídeo das minhas inspirações; participei
em eventos culturais on-line, ofertando-me um mundo que desconhecia; tive mais
quietude, abrindo-me mais à escrita e não só; tive tempo para olhar mais para
mim e para a família que construi; e muito mais.
3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?
Particularmente falando, tenho uma visão
positiva. Falar de um aspeto social, seria entrar numa esfera ferida e débil, e
decidi há algum tempo não o fazer.
4 - Os movimentos de integração da mulher
influenciam no seu cotidiano?
Não me influenciam e também até á data, e já lá
vão uns anos de vida, não posso dizer que me senti diferente em qualquer grupo,
por ser mulher. Nem a nível profissional, nem literário.
Posso apenas referir a questão a nível familiar
/ educação, que, com requintes muito inteligentes, fugi o mais que pude.
Talvez seja privilegiada, ou então,
inconscientemente seletiva.
5 - Como você faz para divulgar os seus
escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?
Até á data, publicava os meus textos nas redes
sociais, em formato de foto ou em texto. Com a situação da pandemia, habituei-me
a fazê-lo através de imagem, o que me deu mais expressão.
Participo em antologias, e, dentro da minha
possibilidade também estou presente em eventos.
Recebo retorno a variados níveis, e sou grata
por todo o gesto público ou privado, que, felizmente, são muitos.
6 - Quais os pontos positivos e negativos do
universo da escrita para a mulher?
Da minha parte, só tenho pontos positivos que
são muito pessoais. O que é mesmo importante para mim, é que seja o que for que
eu escreva, faça sentido a alguém e quanto a isso, só tenho a agradecer a mim
própria, porque consigo fazê-lo.
Não tenho nenhum aspeto negativo a mencionar,
porque ainda não passei por nenhum.
7 - O que pretende alcançar enquanto autora?
Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.
A curto prazo, tenho o romance para lançar, o
que aguardará com tranquilidade o momento certo.
A longo prazo, tenho um projeto em mente, do
foro literário. decorrente de um amor a crianças portadoras de Trissomia 21.
Tenho os recursos, faltando o principal, que é
a disponibilidade. Para quem tem que viver do trabalho diário, e fazer toda a
ginástica de uma família, mesmo tendo ajudas (o que é o meu caso), é preciso
dedicação e ainda não consegui atingir esse patamar.
Tenciono chegar lá.
8 - Quais os temas que gostaria que fossem
discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?
Não faço ideia. É difícil direcionar um tema,
quando me sinto livre para escrever.
9 - Sugira uma autora e um livro que lhe
inspira ou influencia na escrita.
É ingrato mencionar uma autora, quando gosto de
muitas outras. Inicialmente, antes de entender um pouco melhor este percurso
literário, cheguei a mencionar nomes. Hoje, sinto que não devo de o fazer.
O que me inspira é essencialmente a natureza, o
interior de cada ser humano, como um todo; e o que me influencia é,
essencialmente, o meu estado de alma no momento em que me predisponho a escrever.
10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe
fizessem? E como responderia?
Quem és?
Resposta: Não sei. Continuo empenhada à procura
de mim, com alegria e gratidão a cada instante.
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