Agradecemos à autora VALQUÍRIA IMPERIANO pela disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 - Qual a sua
percepção para essa pandemia mundial?
Essa pandemia provocou
medidas tão drásticas, de ordem econômica, educacional e social deu uma
reviravolta no mundo isola pessoas, alimenta o medo, gera crises
psicológicas em muitas pessoas, a morte transformou numa realidade na qual a
maioria das pessoas pensa e tenta se proteger.
2 - Enquanto autora,
esse momento afetou o seu processo produtivo? Em tempos de quarentena,
está menos ou mais inspirada?
Não. Sou autora,
pintora e produtora de eventos culturais no Brasil e na Europa, da REVUE
CULTIVE e da REVUE ARTPLUS e o período de reclusão que hoje completa
quase 3 meses, visto que comecei em fevereiro por causa da minha situação de
risco, não me afetou em nada, talvez porque normalmente preciso de reclusão
para criar, minha produção aumentou muito. Dar conta de todos essas realizações
precisa de horas sentada frente ao computador e a reclusão foi um auxílio para
avançar meu trabalho.
3 - Quando isso
passar, qual a lição que ficou?
Através da observação
que faço e analisando as reações de cada país, vejo que há uma reação de
acordo com cada o país. Aqui na Europa, há muita discussão sobre a
responsabilidade de preservação do meio ambiente, da liberdade, questões
escolares, conscientização sobre o confinamento, etc. No Brasil apesar de haver
uma grande solidariedade, ainda percebo o preconceito e o julgamento aflorando
de acordo com a política. Tudo lá tem um fundo político e os ânimos são mais ou
menos agressivos, críticos segundo a ideologia. Enquanto que aqui na Europa se
discute, os efeitos do corona, o incentivo à prevenção, a preocupação diária
com os números, no Brasil virou debate político e um total desacordo
entre a população que talvez mude se a situação piorar. Mas hoje estamos
abordando muito o assunto ligado ao planeta, parece haver uma conscientização
que espero se mantenha em pauta quando a crise passar. As mudanças serão
muitas, está havendo uma nova fórmula de comunicação com todas essas
plataformas, a internet nunca foi tão importante. Acredito a era da informática
está apenas começando, o avanço nesse setor vai atingir todas as áreas da
sociedade. Uma nova era está emergindo com força em consequência do vírus. Eu
vejo esse vírus como um divisor de águas.
4 - Os movimentos de
integração da mulher influenciam no seu cotidiano?
Não se trata de influenciar,
mas de motivar e participar dessa onda em alta para a valorização feminina.
5 - Como você faz para
divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?
Sim, percebo que
através do trabalho constante à frente da editora Cultive, Revue Cutlive, Revue
Artplus, da Galeria de arte Artplus e da Associação Cultive, dos quais estou
diretora e presidente organizando eventos, antologias, encontros literários,
palestras e conferências, tem tido um resultado crescente e positivo para
mim e para as pessoas que depositam confiança no meu trabalho. Faço esse
trabalho colocando em evidência muitos colegas autores que participam dos
nossos eventos ou são membros da Associação Cultive. Trabalhar para enaltecer
os autores, também coloca o meu próprio trabalho em evidência, assim as
obras de todos os autores que represento são reconhecidas e o meu
próprio. Isso requer uma atenção diária e muita atividade para colocar em
destaque as obras e os nomes dos autores.
6 - Quais os pontos
positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?
Acho que não posso
analisar como "a escrita da mulher" fazendo uma separação entre
escrita feminina e escrita masculina. A mulher sempre foi usada como uma
figura romântica na literatura escrita pelos homens, a partir do século XVII
passou a utilizar a pena para expôr seus pensamentos, ideias e fantasias. Na
literatura temos mulheres que abordam todos os estilos e temas. Na literatura
há inclusive homens que usaram pseudônimos femininos para justificar uma
escrita mais delicada, cheia de sentimentos e com aspectos sensíveis que são
características femininas. A mulher é feminina logo a escrita deve ser
feminina, não concordo com essa assertiva.
Só vou mencionar o que
é negativo na literatura feminina: a mulher como em todas as áreas sempre
ficou em segundo plano para assumir uma profissão, para assumir a própria
independência, para ter respeito como ser humano, para ser vota, para opinar,
para mostra-se como um ser capaz sem infringir as regras impostas pelo
homem. A falta de apoio abafou muito a criação feminina na história da
humanidade. É chocante ver as mulheres que foram perseguidas pela sociedade pro
causa da sua inteligência. Esse é o ponto negativo da escrita feminina não
poder ter sido expressada, não a escrita em si.
7 - O que pretende
alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.
Terminar o meu livro o
Perfume da Metamorfose para publicar ainda esse ano. O meu próximo projeto como
presidente da Associação Cultive é organizar o Salão do Livro de Genebra em
outubro e novembro, trazendo autores de língua lusófona para mostrar seus
livros; Produzir a revue Artplus cultural e bilingue para lançar no Salão do
livro de Genebra; poder fechar os recebimentos dos textos para a coletânea Era
uma vez um anjo, publicá-la e lançá-la no Salão do livro de Genebra com a
presença dos autores, além da publicação de mais 2 edições da REvue Cultive.
Todos esses projetos são a longo e curto prazo pois se realizam
anualmente.
8 - Quais os temas que
gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?
A importância da
revisão do texto e União dos Escritores.
9 - Sugira uma autora
e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.
Não me inspiro em
escritos de autores, mas procuro na leitura estilos que me agradam. Autoras
como Amélie Nothombo, Jk Rowlling, Carolina Maria de Jesus ( poeta). E gosto de muitos poemas de muitas autoras
brasileiras que me chegam às mãos.
10 - Qual a pergunta
que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
Porque você,
Valquíria, autora e poeta divide seu tempo fazendo o trabalho de divulgar
autores, poetas e artistas na Europa e não se dedica apenas à divulgar os seus
escritos? Por que eu acho que é a literatura brasileira precisa ser mais
expressiva na Europa e outras partes do mundo. Divulgando literatura brasileira
eu estou também divulgando os meus trabalhos. Acredito na força da união. A
corrente formada pela transmissão dos eventos literários, dos encontros de
associações e academias, dos textos publicados nas antologias são uma excelente
forma de mostrar o trabalho dos autores e o meu, nos ajudando a sair do
anonimato.
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