terça-feira, 16 de junho de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - VALQUÍRIA IMPERIANO


Agradecemos à autora VALQUÍRIA IMPERIANO pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Essa pandemia provocou medidas tão drásticas, de ordem econômica, educacional e social deu uma reviravolta no mundo isola pessoas, alimenta o medo, gera crises  psicológicas em muitas pessoas, a morte transformou numa realidade na qual a maioria das pessoas pensa e tenta se proteger. 

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu  processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Não. Sou autora, pintora e produtora de eventos culturais  no Brasil e na Europa, da REVUE CULTIVE e da REVUE ARTPLUS e o período de  reclusão que hoje completa quase 3 meses, visto que comecei em fevereiro por causa da minha situação de risco, não me afetou em nada, talvez porque normalmente preciso de reclusão para criar, minha produção aumentou muito. Dar conta de todos essas realizações precisa de horas sentada frente ao computador e a reclusão foi um auxílio para avançar meu trabalho.

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou?

Através da observação que faço e analisando as reações de cada país,  vejo que há uma reação de acordo com cada o país. Aqui na  Europa, há muita discussão sobre a responsabilidade de preservação do meio ambiente, da liberdade, questões escolares, conscientização sobre o confinamento, etc. No Brasil apesar de haver uma grande solidariedade, ainda percebo o preconceito e o julgamento aflorando de acordo com a política. Tudo lá tem um fundo político e os ânimos são mais ou menos agressivos, críticos segundo a ideologia. Enquanto que aqui na Europa se discute, os efeitos do corona, o incentivo à prevenção, a preocupação diária com os números, no Brasil virou debate político  e um total desacordo entre a população que talvez mude se a situação piorar. Mas hoje estamos abordando muito o assunto ligado ao planeta, parece haver uma conscientização que espero se mantenha em pauta quando a crise passar. As mudanças serão muitas, está havendo uma nova fórmula de comunicação com todas essas plataformas, a internet nunca foi tão importante. Acredito a era da informática está apenas começando, o avanço nesse setor vai atingir todas as áreas da sociedade. Uma nova era está emergindo com força em consequência do vírus. Eu vejo esse vírus como um divisor de águas.

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Não se trata de influenciar, mas de motivar e participar dessa onda em alta para a valorização feminina.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Sim, percebo que através do trabalho constante à frente da editora Cultive, Revue Cutlive, Revue Artplus, da Galeria de arte Artplus e da Associação Cultive, dos quais estou diretora e presidente organizando eventos, antologias, encontros literários, palestras e conferências, tem tido um resultado crescente e positivo  para mim e para as pessoas que depositam confiança no meu trabalho.  Faço esse trabalho colocando em evidência muitos colegas autores que participam dos nossos eventos ou são membros da Associação Cultive. Trabalhar para enaltecer os autores, também coloca  o meu próprio trabalho em evidência, assim as obras de todos os autores que  represento são reconhecidas e o meu próprio. Isso requer uma atenção diária e muita atividade para colocar em destaque  as obras e os nomes dos autores. 

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Acho que não posso analisar como "a escrita da mulher" fazendo uma separação entre escrita feminina e escrita masculina. A  mulher sempre foi usada como uma figura romântica na literatura escrita pelos homens, a partir do século XVII passou a utilizar a pena para expôr seus pensamentos, ideias e fantasias. Na literatura temos mulheres que abordam todos os estilos e temas. Na literatura há inclusive homens que usaram pseudônimos femininos para justificar uma escrita mais delicada, cheia de sentimentos e com aspectos sensíveis que são características femininas. A mulher é feminina logo a escrita deve ser feminina, não concordo com essa assertiva.
Só vou mencionar o que é negativo na literatura feminina: a  mulher como em todas as áreas sempre ficou em segundo plano para assumir uma profissão, para assumir a própria independência, para ter respeito como ser humano, para ser vota, para opinar, para mostra-se como um ser capaz sem infringir as regras impostas pelo  homem. A falta de apoio abafou muito a criação feminina na história da humanidade. É chocante ver as mulheres que foram perseguidas pela sociedade pro causa da sua inteligência. Esse é o ponto negativo da escrita feminina não poder ter sido expressada, não a escrita em si.

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Terminar o meu livro o Perfume da Metamorfose para publicar ainda esse ano. O meu próximo projeto como presidente da Associação Cultive é organizar o Salão do Livro de Genebra em outubro e novembro, trazendo autores de língua lusófona para mostrar seus livros; Produzir a revue Artplus cultural e bilingue para lançar no Salão do livro de Genebra; poder fechar os recebimentos dos textos para a coletânea Era uma vez um anjo, publicá-la e lançá-la no Salão do livro de Genebra com a presença dos autores, além da publicação de mais 2 edições da REvue Cultive.  Todos esses projetos são a longo e curto  prazo pois se realizam anualmente.

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

A importância da revisão do texto e União dos Escritores.

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Não me inspiro em escritos de autores, mas procuro na leitura estilos que me agradam. Autoras como Amélie Nothombo, Jk Rowlling, Carolina Maria de Jesus ( poeta).  E gosto de muitos poemas de muitas autoras brasileiras que me chegam às mãos.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Porque você, Valquíria, autora e poeta divide seu tempo fazendo o trabalho de divulgar autores, poetas e artistas na Europa e não se dedica apenas à divulgar os seus escritos? Por que eu acho que é a literatura brasileira precisa ser mais expressiva na Europa e outras partes do mundo. Divulgando literatura brasileira eu estou também divulgando os meus trabalhos. Acredito na força da união. A corrente formada pela transmissão dos eventos literários, dos encontros de associações e academias, dos textos publicados nas antologias são uma excelente forma de mostrar o trabalho dos autores e o meu, nos ajudando a sair do anonimato.

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