Considero-me um
cidadão português, mas um autor lusófono. No universo da escrita sempre
manifestei esta forma de identificação porque acredito que a criação literária
não tem nacionalidade. Do mesmo modo, acredito que existem valores que deveriam
ser universais e defendidos com sabedoria.
Tenho um grave
problema de tolerância para com quem é fraco de inteligência e não tem pejo em
utilizar a sua pequenez intelectual através de argumentos bacocos que, por
norma instituida, costumam receber aceitação generalizada.
Não nego que,
infelizmente, ainda existem muitos problemas sociais alicerçados em
preconceitos, mas nunca serei daqueles que aceitam a mesma acusação de sempre
de ânimo leve. A existência de um preconceito não faz de mim preconceituoso.
Faço estas linhas
porque, no seguimento do envio da recente newsletter da In-Finita publicitando
o CONEXÕES ATLÂNTICAS V, uma das primeiras respostas que recebemos foi esta que
agora passo a transcrever:
“Uma simples questão, a lusofonia está sedeada em Portugal e
Brasil? Angola, Moçambique, Cabo verde, São Tomé, etc? Se promovem estes
concursos de segregação e retração literária peço para que não mais me
adicionem a plataforma. Não estou aqui a aplaudir as demais nações, eu também
tenho que dar azo aos meus. E a arte é universal. Não tem lusofonia da esquerda
e da direita. Ou seja para lusofonia, ou que seja para Brasil e Portugal.”
Feita a transcrição,
poderia facilmente dissertar sobre ela, mas limitar-me-ei a transcrever também
a resposta que dei, em meu nome e em nome da In-Finita:
Bom dia Fulano Tal, (Oculto o nome por razões de privacidade e para não
ser acusado também de incitação a linchamento público)
Do conteúdo do seu e-mail só retiramos uma verdade
"a arte é universal", tudo o resto é argumentação fraca de alguém que
ainda não consegue ultrapassar estigmas caducos. Se a questão de
admissibilidade a esta iniciativa estivesse manchada pelo preconceito que nos
acusa, só aceitaríamos participantes naturais do Brasil e Portugal, mas
felizmente existem muitos autores lusófonos, de outras latitudes, a residir
nestes dois países, inclusive de Timor, Macau, Guiné Bissau e Goa que, vai-se
lá saber a razão, para si são "etc".
A única segregação aqui presente é que, na sua
opinião, não se pode chamar lusofonia a algo que não abranja a
totalidade da geografia lusófona. Neste momento, logisticamente, é impossível
para nós dar esse passo, mas acredite, no instante em que tivermos essa
possibilidade vamos fazê-lo. Então, sim, terá razões para nos apontar o dedo. E
não será por preconceito, será por motivos pessoais. A nossa noção de lusofonia
é mais cristalina que a sua e tudo isto seria evitável se utilizasse a
inteligência no lugar de auto-vitimização. Se ler João Melo, Noémia de Sousa,
Ondjaki, Mia Couto e outros não menos importantes, talvez ultrapasse esse seu
estigma de inferioridade que não faz sentido algum.
Aceitamos de bom grado o seu pedido de exclusão da
nossa newsletter.
Cordialmente
Emanuel Lomelino
Para terminar
este desabafo, volto ao início deste texto, em que falo dos valores universais,
para dizer que aquilo que mais me chocou no e-mail que recebemos foi a falta de
educação do mesmo. Nem bom dia, boa tarde ou boa noite, nem uma assinatura no
final.
Enfim, se
criar uma iniciativa de língua portuguesa, com normas e regras de acordo com as
possibilidades que a In-Finita tem neste momento, é motivo para nos acusarem de
preconceito, estejam à vontade. Resta-nos a satisfação de sermos orgulhosamente
bem educados e de cumprirmos os pedidos que nos fazem para não serem
incomodados em futuras iniciativas.
Ah, já agora
e como informação para quem não sabe: a sede da CPLP (Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa) é na Rua de São Mamede 21, 1100-534 Lisboa, Portugal.
MANU DIXIT
Os tolos fazem alarde da sua tolice.
ResponderEliminarQue pachorra, Emanuel! Não se está mesmo a ver? Não se canse. Há muita gente assim. Falam... escrevem... mas não sabem o que dizem porque não sabem pensar e, assim, não entendem o que lêem. E não entendem o que lêem porque não gostam de ler livros, o primeiro problema de quem não entende, de quem pensa mal e de quem escreve pior, mas querem ser escritores e dizem que o são. Se não forem eles a dizê-lo, quem o fará? Saudações literárias. Grande abraço com votos de muita saúde. Fernanda Beatriz
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