sábado, 16 de maio de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - DULCE BAPTISTA

Agradecemos à autora DULCE BAPTISTA pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Percebo como calamidade, e ao mesmo tempo como enorme desafio que é, no sentido de levar pessoas, instituições e países a encontrarem novas formas de convivência, de trabalho e de luta pelas causas que são comuns a toda a humanidade. Acho que teremos, para sempre, um "antes" e um "depois" da pandemia. Gostaria muito que isso significasse o surgimento de uma nova era de conscientização e solidariedade.   

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu  processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Meu processo produtivo se encontra condicionado, no momento, a um compromisso relacionado a literatura acadêmica, anteriormente assumido. Mas, a par disso,  procuro preservar o espaço da inspiração, que vem de leituras, insights, e mesmo da interação virtual típica  desses dias estranhos. Faço minhas anotações, e oportunamente elas funcionam como matéria prima para contos e poemas.          

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou? 

Acho que são várias constatações: Não somos onipotentes, ao contrário do que sugere uma certa visão maravilhada do progresso. Ao mesmo tempo, demonstramos impressionante capacidade de mobilização, independentemente de governos e políticas de momento, na ajuda aos mais vulneráveis, seja por meio de campanhas, de doações coletivas e individuais, assistência de diversos tipos. Por outro lado, me parece claro que: precisamos cultivar valores mais humanos e menos materialistas; precisamos fazer parte de um esforço global de preservação do planeta; mais do que nunca, precisamos valorizar a união, a ciência, a cultura e a arte, como elementos definidores de humanidade. 

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Creio que sim, embora de forma indireta.

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Tenho meu nome incluído no Dicionário de Escritores de Brasília. Meus poemas e contos tem sido publicados de forma esparsa em coletâneas. A partir de uma dessas coletâneas, tive poemas publicados em jornal. Algumas vezes tenho compartilhado escritos de maneira informal com amigas, e percebo um retorno positivo. 

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Considero muito positiva a integração da mulher nesse universo, já que é por meio da escrita que muitas conseguem ter vez e voz. A participação em grupos, a discussão de temas e de novas formas de publicação e divulgação são também fatores positivos na promoção da escrita feminina. Não sei se saberia identificar um ponto propriamente negativo, além daqueles já conhecidos: receptividade fraca por parte das editoras; custo de publicação; certa insegurança em relação aos próprios escritos.       

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo. 

Enquanto autora, acho que o desejo que me motiva é ao mesmo tempo simples e ambicioso: escrever e compartilhar. Se, como alguém disse, "escrever é um ato de resistência", trata-se de criar algo que represente essa resistência, algo como um sutil estranhamento em relação aos previsíveis absurdos da existência. Quanto a compartilhar, creio que é esse o desejo de todo autor. Embora sempre difícil em função de custos de edição e divulgação, parece estar encontrando novas alternativas no mundo da difusão eletrônica e digital. Meu projeto de curto prazo é a conclusão de um livro destinado ao ensino de graduação em biblioteconomia, em que atuei como docente. Paralelamente, a médio prazo gostaria de reunir contos e poesias e publica-los em forma de livro; essa é uma ideia embrionária.     

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Acho que seriam temas interessantes: a atuação da mulher no cenário da pandemia; ideias e sugestões para o mundo pós-pandemia; o estado da arte da literatura feminina nos países de língua portuguesa. 

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Esta é uma pergunta difícil porque creio que as influências são várias, ainda que de forma implícita ou não inteiramente consciente. Em todo caso, de Virginia Woolf a Clarice Lispector e Agustina Bessa-Luís, passando por Katherine Mansfield e Ana Maria Machado, são muitas as que admiro.   

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Exercício de imaginação, não sei responder!

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