domingo, 24 de maio de 2020

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - CÁSSIA NASCIMENTO


Agradecemos à autora CÁSSIA NASCIMENTO pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Qual a sua percepção para essa pandemia mundial?

Uma chamado geral para consciência humana coletiva, do que estamos fazendo por nós e para nós mesmos, enquanto humanidade, que pouco pensa no coletivo, então para mim esse momento de "solidão" de convivência, de companhia, vejo como oportunidade de meditar, refletir sobre nosso comportamento egoísta e vaidoso, nossas ações, sobre nossa realidade, perceber que vivemos apegados em ganhar valores superficiais, aí vem um vírus e desmonta a nossa prepotência, e nos faz pensar, algumas pessoas, nos valores espirituais e no valor humano, que não envolve necessariamente religiosidade, mas sobretudo, se religar ao que de real tem valor, a vida, a saúde, o bem viver, o bem querer a si mesmo e ao próximo, com afeto, com respeito, com atenção, cuidado e proximidade verdadeira. Em relação a morte nenhum ser humano está preparado para essa realidade, eu escrevi, assim, sobre a morte, naquele livro meu "O teto branco": Na verdade somos todos frágeis diante da “morte”. Todos nós temos medo dela. Do ponto de vista, viver a vida, todos somos aprendizes. Somos interligados. Somos interdependentes mesmo sem o nosso querer. Diante disso, não saber para onde retornamos é assustador. Por essa razão, provavelmente, muitos se apavorem diante do mistério, do oculto, do inalcançável. Todos nós tememos ir para outra dimensão. Por não saber para onde vamos, perguntamos como será lá? Como na vinda para cá ocorre o mesmo. Temos receio do mundo novo, do inesperado, daquilo que não temos domínio. Quando saímos do confortável ventre materno, do canto quentinho protetor de nossa mãe, o que será de nós depois? Como será nossa vida? Com quem vamos aprender a viver? Alguns seres humanos têm esse despertar de consciência e cedo compreendem que tudo no Universo é bem feito, é perfeito. Que é maravilhoso vir ver a vida... Estar transitoriamente aqui. (pg. 32 de "O teto branco" autopublicação, minha!  em abril de 2018)

2 - Enquanto autora, esse momento afetou o seu  processo produtivo? Em tempos de quarentena, está menos ou mais inspirada?

Meu signo solar é leão, então posso dizer que inspiração e otimismo para fazer o que gosto não falta, de modo que neste tempo de pandemia estou escrevendo bastante, retomei a prosa poética de uma produção com gosto de realidade/fictícia que havia iniciado em 2013, cujo título é Deixa-me Tentar! Escrevo para uma personagem mulher, por achar bem mais interessante escrever sobre o universo feminino. Além dessa produção, que nasceu através de um sonho, ao dormir sonhei com o nome da personagem, Beta Castellana, a partir daí tem fluído a história. Também escrevo para meus posts do projeto do coração, sobre MeditAção Poética PrátiCa ParAmar que divulgo no Instagram e Facebook diariamente após a prática da meditação. E recentemente em 3 de maio escrevi uma poesia-musical que chamei de "Você,Amor", retrata esse período em que vivemos,  poesia musical por que ela pode ser cantada e assim tocar o coração das pessoas para que externem o amor que guardam no peito, no agora! 

3 - Quando isso passar, qual a lição que ficou? 

Sinceramente, memória afetiva de vida vivida, dessa nossa humanidade tão carente de espiritualidade. Não vejo esse momento com vitimização, mas sim com propósito de mudança de visão, de transformação para melhor vivermos no futuro de agora. Depende de nós essa transformação de valores, de igualdade, de fraternidade, de solidariedade, de melhor distribuição financeira no mundo, e de verdade nas relações humanas.

4 - Os movimentos de integração da mulher influenciam no seu cotidiano?

Sim, sempre. Costumo ouvir no meio acadêmico literário que minha escrita é poética e também feminista. Talvez seja mesmo! 

5 - Como você faz para divulgar os seus escritos ou a sua obra? Percebe retorno nas suas ações?

Além de participar de coletâneas e saraus, divulgo no site Recanto das Letras, nas páginas do Facebook e Instagram, repasso para pessoas afins e tenho blog, mas há muito tempo não uso.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita para a mulher?

Positivo o retorno enorme pessoal de satisfação de produzir, criar, ter a disposição de escrever, até sem esperar grandes expectadores, embora quem escreve quer ser lido, isso é uma realidade real. 

7 - O que pretende alcançar enquanto autora? Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Recentemente eu recebi está pergunta pelo facebook: Quando foi que você fez alguma coisa pela primeira vez? Eu respondi : O lançamento do livro "O teto branco (autopublicação), não foi o primeiro livro escrito, porém foi o primeiro editado, nasceu de um experiência incrível quando tive que escrever sobre algo que tivesse me atravessado, algo real e verdadeiro, para fechamento de um módulo no curso de pós graduação de escrita não ficção, foi avassalador e ao mesmo tempo deslumbrante para alguém apaixonada pela prosa com poesia. Assim eu vi nascer meu primeiro filho editado. Foi uma alegria muito grande, mesmo com alguns desafios.  

8 - Quais os temas que gostaria que fossem discutidos nos Encontros Mulherio das Letras em Portugal?

Porque o meio editorial ainda privilegia a escrita masculina e autores masculinos?
Vejo como efeito de atraso essa separação (categorias), afinal nós não somos inferiores na escrita. Cada qual tem o seu valor literário, ou para algumas pessoas a escrita é ato de libertação, maravilhoso! Discutir sobre essas separações que ainda exitem.
Pensar como dar espaço maior para mulheres escritoras ou que gostam de fazer seus experimentos, escrever suas histórias ou memórias, poesia, prosa, contos...

9 - Sugira uma autora e um livro que lhe inspira ou influencia na escrita.

Clarice Lispector e Virginia Wolf, pela presença de transbordamento na escrita de si, ainda que entrelinhas. Eu gosto muito de escrita de si, entrelinhas.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

O que te causa deslumbramento? 
R: Ser quem eu nasci para ser. Fazer o que gosto para não ter que gostar do que faço. A linguagem escrita, considero a minha melhor forma de expressão, apesar de ouvir que eu me comunico muito bem verbalmente também. Desde menina eu já sabia que as letras escritas era minha salvação, até hoje, inspirada pela intuição escrevo, escrevo, escrevo... para alimentar a própria vida, com emoção!

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