fomes
tenho
fome de ser gente
tenho
fome de liberdades
tenho
fome de companhias, boas ou más
tenho
fome de carinhos de quem me ama
tenho
fome de passear na minha terra, tal como ela sempre foi sendo
tenho
fome de viajar, nem que curtas
tenho
fome da oralidade em que somos o que somos
tenho
fome de mim tal como venho sendo
tenho
fome de inspirações variadas
tenho
fome de encontros de surpresa
tenho
fome de conversas sobre tudo e nada
tenho
fome de tudo o que é viver
e
da fome ao medo
é
um pulo de pés juntos,
sendo
o medo um quarto escuro e sem portas,
tenho
medo de não voltar a ser eu em pleno
tenho
medo que nos mantenhamos fechados
tenho
medo que nada do que devia mudar no mundo, fique na mesma
tenho
medo que voltemos a tempos antigos de misérias várias
tenho
medo que a liberdades fiquem enfraquecidas
tenho
medo de não resistir a tantas fomes e medos
mas
vozes amigas lembram-me
que
sempre fui um combatente
que
os encaminhou para caminhos de emancipação
que
já resisti a tantos desaires e a mortes batendo-me à porta,
ancorado
nestas vidas passadas
vou
tentar fazer das tripas coração
dando
alimentos às fomes´
fazendo
dos medos avisos para os conseguirmos combater,
transformando
o sobreviver dos tempos actuais
em
vidas, mesmo que curtas,
de
caminhos vivos e esperançosos,
voltando
a ser eu mesmo !
zé
carlos albino,
Messejanana,
19-20-21-22 de Março de 2020.
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