quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

DO RIO À CANCELA (excerto) - ERNESTO FERREIRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Miguel levantou-se cedo para continuar a tarefa. Resolveu seguir o caminho de Estivada, onde só não ficou extasiado com a beleza dos campos porque já tinha visto igual na Veiga da Lousa e Veiga do Sobreiro. Aqui a diferença, nesta Veiga de Estivada, é a proximidade do início da montanha, o que torna o quadro mais diverso, corre o dito rio de norte para sul da ponte para baixo, corta uma grande planície de que é agricultada de lavradores, que aprimora uma das margens do Rio Lima, a que frei Bernardo de Brito chama os Campos Elísio (in descrições paroquiais de 1758).
Em Estivada mora um herói: Chamam-lhe “Cavalaria” dado ter sido um valente soldado dessa arma, onde passou a sua mocidade.
Regressado à aldeia o seu comportamento nem sempre tem sido pacífico e daí a tornar-se um “varredor de feira” foi um instante.
E ele nada fazia para que não o considerassem assim, antes pelo contrário. Mas como diz o provérbio, “cântara tantas vezes vai à fonte que um dia quebra a asa”.
Pois um dia em que uma das querelas azedava lá estava o Cavalaria, mas desta vez também, e do outro lado, um jovem chamado Manuel Sousa, jovem de boa apresentação, educado, generoso, galã, bem ginasticado e senhor da força que a natureza lhe deu e a profissão ampliou.
Ora bem, o Sousa vai-se ao Cavalaria, muito rapidamente o derruba e, sem humilhação, o aconselha a mudar de atitude.
E aconteceu o inevitável. Daí em diante, quando Cavalaria fanfarrona da sua valentia, sempre alguém o questiona: e o Manuel Sousa? E a resposta seca e envergonhada é: a esse homem, eu respeito!

EM - MIGUEL, NO EXTREMO DA ESTREMA - ERNESTO FERREIRA - IN-FINITA

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