sábado, 7 de dezembro de 2019

HOJE VISITEI UMA CASA LILÁS (excerto XIV) - MARIA MAGUEIJO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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A pobre criatura continuou a cantar, agora mais baixinho, uma dor que Isabella conhecia bem. Rasgava-se-lhe o som que queria gritar, no mudo da sua tristeza. Que dor tamanha!
Observou que houvera silêncio na paragem do eléctrico e os rostos, de quem falava português, estavam consternados pela homenagem daquele ser tão cheio de saudade do Homem que seguramente alegrara tantas pessoas ao ouvi-lo cantarolar pelas ruas.
Isabella sentou-se na paragem e procurou de novo o caderno juntamente com uma esferográfica e escreveu como se a sua mão fosse um instrumento do cérebro.

“Hoje sou apenas a voz apagada de uma melodia com um poema escrito em branco.
Nessa página imaculada escrevo o silêncio sagrado a que me comprometi.
Nessa página sou tinta da pluma de algum qualquer escritor.
Tela de algum qualquer pintor.
O quadro que quisera pintar.
O poema que quisera escrever.
Que me levaram pela dor.
Que me perdoem, pois foi por Amor”.

EM - HOJE VISITEI UMA CASA LILÁS - MARIA MAGUEIJO - IN-FINITA

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