quarta-feira, 16 de outubro de 2019

TI REINALDO - ERNESTO FERREIRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Eram cerca das 7 horas solares quando Miguel começou a despertar, não sabendo se de sono ou de um sonho.
O sol brilhava numa atmosfera límpida, é o mínimo que se pode dizer, de tão transparente e refrescante, que só poderia existir se todas as determinantes do Tempo fossem cumpridas. O que se verifica.
Miguel esfregou os olhos não acreditando no que estava a ver. Estava sobre uma ponte, tendo ao lado um moinho cuja roda vertical rodava lentamente. Um cheiro agradável e estranho o atingia:
era o cheiro da farinha que estava a ser produzida no moinho.
Sob a ponte, um rio de águas límpidas corria abraçando uma ilhota que por aluvião se havia formado ao longo dos séculos. Nessas águas, Miguel via os peixes que nunca tinha visto e, voando
rente à superfície, muitas aves, para além dos astures, faziam números circenses a grande velocidade. Tão extasiado estava com o espectáculo, que nem se apercebeu da chegada da Poesia, que o contestou:
– Então Miguel, já iniciaste a tua recolha? Ao que Miguel respondeu:
– Não e não sei quando vou iniciar, pois não é fácil sair deste paraíso.
– Eu sei, e por sabê-lo é que aqui estou para te lembrar que vais encontrar outros locais que te convidarão ao mesmo sentir. Diz-me Miguel: sabes os nomes dos peixes que estás a ver?
– Não Poesia, sei apenas que são um espectáculo de vida e beleza. Queres fazer o favor de me ensinares?
– Podia fazê-lo, mas vou dar-te a conhecer quem melhor te possa explicar. Não só o nome de todos estes peixes e aves, como te contará estórias fantásticas. Irás conhecer o mais fabuloso contador
de estórias que tenho a felicidade de ter como meu igual e amigo. Mas antes disso vou descrever-te algumas situações e lugares que ajudarão a melhor compreenderes as estórias.
– Quem é esse privilegiado?
– É o moleiro deste moinho e chama-se Reinaldo, mas para todos é o Ti Reinaldo. Eu vou chamá-lo. Oh, Ti Reinaldo. 
E uma voz vinda do interior responde:
– “Atão” quem vem lá? Pode entrar...
E perante Miguel aparece uma figura tão forte e simpática que deixou Miguel confundido. É que, ao apreciar a imagem do Ti Reinaldo, pareceu que era a Poesia! Só passados segundos viu que
afinal ao lado do Ti Reinaldo estava a Poesia, como se tratasse de dois irmãos...
– Ti Reinaldo, disse Poesia, o Miguel aceitou o desafio do meu pai Universo e vai precisar de vossemecê para conhecer tudo sobre Asturães.
– Pois muito bem, respondeu o ti Reinaldo. Ainda bem que o mal que anda por “baixo de carvalhais e por cima de silveirais” vai ser vencido. Pode o menino estar descansado porque tem aqui um aliado. Contar-lhe-ei coisas que jamais pensou ouvir.
– Então até logo Ti Reinaldo e muito obrigado.

EM - MIGUEL, NO EXTREMO DA ESTREMA - ERNESTO FERREIRA - IN-FINITA

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