terça-feira, 4 de junho de 2019

DEZ PERGUNTAS CONEXÕES A... ANA KANDSMAR


Agradecemos à autora ANA KANDSMAR pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Escrever é uma necessidade ou um passatempo?

É uma acima de tudo uma forma de estar. Através da escrita reinvento-me o que me dá margem para testar as minhas várias camadas e explorar o meu potencial criativo.

2 - Em que género literário se sente mais confortável?

Sinto-me mais confortável na prosa, no romance ficcional. Dá-me um prazer imenso criar personagens e fazê-las evoluir ao longo da trama.

3 - O que escreve é inspiração ou trabalho?

Ambos. Como também sou jornalista escrevo muito por trabalho. Todavia, escrever um romance não deixa de ser trabalho, precisamente porque dá muito trabalho.

4 - O que pretende transmitir com a sua escrita?

A minha forma única de ver o mundo e de estar no mundo. E com isso, levar a que outros descubram novas formas de ver e de estar no mundo também.

5 - Qual o seu público alvo?

Até agora tudo o que escrevi dirige-se ao público adulto, embora o meu primeiro livro, A Guardiã- O Livro de Jade do Céu, tenha sido muito bem recebido pelos mais jovens. Penso que isso se deveu ao facto de o livro ter uma componente muito forte do género fantástico.

6 - Em que corrente literária acha que a sua escrita pode ser incluída?

Ficção, obviamente.  Embora tudo o que escrevo resulte da mistura da realidade com a ficção.

7 - Quais as suas referências literárias?

Muitas. Entre os meus autores contemporâneos preferidos estão o Afonso Reis Cabral; o Joel Neto; o João Tordo; o Luís Corredoura; João Pinto Coelho, João de Melo, por exemplo, os mais clássicos como António Lobo Antunes ou Agustina Bessa Luís, os que já morreram como o Saramago ou Pessoa, Natália Correia, Eça... Tenho paixão pela poesia do Eugénio de Andrade e também a da Florbela Espanca; a do Carlos Drummond de Andrade… e gosto muito de autores que são, infelizmente pouco conhecidos do público, como a Ana Cristina Silva; o Paulo Pimentel; o Carlos Queiroz; o Luís Ferreira; a Mbarreto Condado; o Fernando Teixeira; Maria Cecília;  Helena de Macedo; o Jerónimo Jarmelo; João Nuno Azambuja… Neste grupo estão autores que admiro muito, uns pelo potencial, outros porque são já verdadeiramente bons. Entre os estrangeiros, Dostoyevsky e Murakami, Tolkien e George RR Martin, Lesley Pearce… entre outros.

8 - O que costuma fazer para divulgar o que escreve?

As redes sociais desempenham muito bem esse papel, todavia, estar presente em alguns eventos também é importante e eu tento cumprir essa parte do acordo, digamos assim, que fiz com os meus leitores. Para além disso, tenho os meus blogues, um para o meu trabalho na área do jornalismo e outro para a escrita criativa e ambos têm um número de visitantes já bastante simpático.

9 - O que ambiciona alcançar no universo da escrita?

Basicamente que me leiam. Quem escreve quer ser lido. E se os leitores me acharem merecedora, que me acompanhem.  Tudo o resto virá por acréscimo se, e isso também é muito importante, as grandes editoras pararem, entretanto, de destruir o mercado literário português.

10 - Que pergunta gostaria que lhe fizessem e como responderia?

Poderia agora aproveitar para me perguntar, como é que eu acho que as grandes editoras destroem o mercado literário português, e eu responderei que o fazem publicando às pazadas de autores estrangeiros, que escrevem lixo, para não darem oportunidade a tantos autores portugueses que até escrevem bem. E fazem-no, também, quando publicam autores portugueses muito medíocres com base nos milhares de seguidores de uma página no facebook que o autor andou durante meses a alimentar com patrocínios pagos. Se as pessoas já compram poucos livros, e ainda encontram só porcaria nas livrarias, com a honrosa excepção de meia dúzia de escritores que estão no topo porque merecem lá estar, como é que as vamos fazer comprar mais livros e ler mais? É um risco cada vez maior comprar autores desconhecidos, e o dinheiro que não abunda na carteira dos portugueses não pode ser mal gasto. Apesar de tudo, ainda vou arriscando, mas faço-o apenas com autores portugueses. Dos estrangeiros, tenho uns quantos que já são os meus preferidos, e não passo muito daí.
Outra pergunta à qual gostaria de responder é uma que já me fizeram, mas eu não respondi na altura, exactamente de acordo com o que genuinamente pensava. “Porque é que não concorres a prémio literários?”  e eu responderia: “Porque não faço parte da elite da Esquerda, o meu pai não tem um nome sonante e eu não tenho amigos entre os jurados.” Essa é, aliás, também a razão pela qual, se calhar, ainda não fui publicada por nenhuma grande editora. Essa gente que monopoliza a literatura, e outras artes em Portugal, não pode continuar a achar que todos os outros são parvos e não percebem o que se passa à sua volta.
Outra ainda: “Sobre o Acordo Ortográfico?” Só se não puder evitar.

1 comentário:

Toca a falar disso