LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Saibam mais do projecto Mulherio das Letras Portugal neste link
Conheçam a IN-FINITA neste link
Duas gotas escorrem pela face suave e rosada, um pouco queimada do escuro sol de Agosto; longa caminhada que a vida não poupa: nem criança e nem mulher. Vida roubada. (?)
Desconhecimento da fonte que jorra essas mesmas lágrimas. Ela faz questão em escondê-las; do mundo; de todo o seu significado; o seu verdadeiro estado.
Desilusão – que palavra mais amarga! Gotas do veneno que colocaram em minha alma. Eu, os outros?
Minha vida dói numa enfermidade viral que ninguém vê.
Sentada olhando para o mar, fixo os meus olhos escuros no nada; como se aquela bela paisagem não possuísse nada, ao contrário: era eu quem não possuía nada – cheguei a essa conclusão observando-a. Onde está a minha base? E raízes? É horrível sentir-se assim: invisibilidade no espaço. A vida passa e não olha para mim.
Recordo os momentos bons e felizes que tive: aniversários, passeios... Você.
Há um abismo de silêncio que me angustia ferozmente, você sumiu e nem disse um adeus – pelo menos! Deixou-me muda, e também surda para tudo que está ao meu redor.
...
As lembranças são dolorosas, eu as quero esquecer. Banir do meu consciente e também do inconsciente, que manda mais que mãe em dia de Natal.
Vou recolher-me ao meu subsolo, lugar escondido do populacho. Mais uma vez descerei e chorarei o que for possível para extrair as dores sufocadas.
As lágrimas de uma mulher não são salgadas, ao contrário são doces, quando a fonte não foi danificada. O poço é fundo, quem o cavou sabia bem para o que serviria.
O dia foi de uma choradeira sem ímpar, até achei que havia secado o poço; só que esqueci que ele é bem profundo. Lençóis de águas purificadoras o alimentam. Nunca secará. Ligado está pela Verdade e Vida. Senhor de tudo, e de todos.
EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - ANTOLOGIA - IN-FINITA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Toca a falar disso