sexta-feira, 10 de maio de 2019

DÉCIMA DEMÊNCIA (excerto) - JOÃO DORDIO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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“Mãos ao ar”, gritaste tu ontem – há bocado! – ou aos bocados
porque tu disseste também e logo a seguir que eu só assim poderei
acalmar. “Mãos ao ar”, disseste repetidamente enquanto respiravas,
aos saltos, o teu coração também estava aos saltos! E as palavras
a saírem pela mente! Sim, pela mente porque era tudo em pensamento!
Um discurso de pensamento alucinado!
“Dá-me tudo! Dá-me tudo de ti!”, sonhei novamente...
- Eu gosto tanto de ti...
Ainda te lembras...
Ou ainda me lembras...
“Mãos ao ar”, voltei a sonhar que disseste ontem. Ou há bocado,
bocadinho...
O assento era ao contrário. Era para me dares... para que me
dares um abraço ou para me devolveres todos os que guardaste
enquanto não me viste...
Dá-me! Dá-me já! Dá-me os abraços e os beijos que deveriam
vir a seguir!
Baixo as mãos porque não está aqui ninguém...
O discurso do pensamento demente terminou por momentos
e as pessoas que estavam e não estavam na praça desta demência
regressaram às sua vidas de não vida. Já sabem... elas não têm vida!
Não têm a vida delas nem têm vida na tua... porque não existe aqui
nada!

EM - A PAIXÃO - ESCRITOS E DEMÊNCIAS - JOÃO DORDIO - IN-FINITA

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