quinta-feira, 30 de maio de 2019

DÉCIMA SEGUNDA DEMÊNCIA (excerto II) - JOÃO DORDIO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Tu nunca soubeste, mas eu sempre te abracei devagar, devagarinho...
Apertava-te tanto... tanto, mas sem te sufocar! E sem tu sentires
porque estavas longe, apesar de estares ali... ainda... ao pé de mim...
Sempre desabafei todo o género de coisas contigo. Umas vezes
devagar, outras vezes devagarinho. Umas vezes entre estas linhas
cinzentas sempre tão direitas, mas que nunca conseguiam impedir
que as letras ficassem tortas. Outras vezes desabafava em silêncio
no beijo que se perdia no sonho ou num delírio, pelo líquido daquela
garrafa de vinho...
Ai, quando eu morrer e fechar os olhos pela última vez, assim
devagar, muito devagarinho... ainda vou escrever uma última vez,
talvez a última das mil vezes, que sempre te amei e te tive nas letras
que escrevia! Até na última! Até no ponto final!
Porque, na verdade, o coração já bate hoje devagar, muito devagarinho.
E quando deixar completamente de bater, irei partir.
Outra e outra vez contigo - mil vezes! - como eu sempre escrevia!...
Mas agora, meu amor, somente debaixo do braço de quem nos
levar em forma de letras num bairro de casa velhas de paixão em
forma de livro...

EM - A PAIXÃO - ESCRITOS E DEMÊNCIAS - JOÃO DORDIO - IN-FINITA

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