segunda-feira, 25 de março de 2019

SEXTO ESCRITO (excerto) - JOÃO DORDIO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Não tenho fome de sono. Por isso, percorro todas as noites este
caminho solitário com o casaco da insónia de escrever pela escuridão...
embora o candeeiro esteja sempre ligado. E hoje e esta noite
e mais esta noite, a juntar a todas as outras, vou ligar-me a todas
as letras e a tudo aquilo que elas consigam descrever. Sempre sem
fome de sono, mas esfomeado pela saudade, pelas memórias que
se fazem passar por mim disfarçadas de oxigénio. Enquanto que,
agasalhado pelo casaco da insónia, continuo sem fome de sono pela
noite dentro de todas as noites.
Não tenho fome de sono! Não tenho! Não tenho fome de sono,
mas vivo esfomeado de ti! Dos teus dias de ti comigo, esfomeado
do teu olhar, do teu abraço, dos teus beijos...

Ah, a fome dos teus beijos e do quente do teu abraço com o
corpo a escaldar! Mas continuo sem fome de sono...

Deitado acordado, parado a andar pela cama, a voar pelos delírios
que as letras fingem saber descrever. Hoje, nesta noite sem
fome de sono, sou dono de todas as coisas loucas que a saudade me
vem servir numa bandeja repleta de linhas que a caneta - essa está
sempre cheia de fome! - percorre sem saber parar.
Por estes caminhos tormentos de estados e estradas de emoções
aprendi a devolver-me. Sem fome de sono pela noite das minhas
noites loucas...

EM - A PAIXÃO - ESCRITOS E DEMÊNCIAS - JOÃO DORDIO - IN-FINITA

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