quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

SEGUNDA DEMÊNCIA (excerto) - JOÃO DORDIO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Quando eu abrir a tampa do pote dos meus sonhos não irei saber
mais como parar de escrever! Só irei saber parar no abraço...

Ontem abri o pote dos livros de folhas brancas. Antes tinha
aberto o pote das canetas. Quando abrir o pote da inspiração, irei
ter contigo! Na arrecadação da loucura já estão os potes da paixão
e da saudade de ti! Trouxe uns quantos para a viagem...
O pote das asas tem uma tampa que fecha mal e ficou aberto.
A cada duas asas que se soltarem, vive mais um pássaro. Os poetas
parece que escolheram também duas, mas são daquelas para colocar
por dentro. São potes apenas parecidos com os outros por
fora, mas que são muito diferentes no seu interior.
O voo dos poetas não atrapalha o dos pássaros. E quando eu
abrir a gaiola do teatro para ir buscar mais potes, uns irão voar por
fora e outros irão voar por dentro. Uns irão levantar voo e vento e
muito vento... outros mais folhas e mais letras.
Os potes da minha imaginação fizeram-me criança a vida toda.
Levanto tampas e dizem que sou a poesia com corpo. Eu respondo
que é poesia da minha alma, um espelho minúsculo que consegue
apanhar o reflexo da sua própria grandiosidade. Eles insistem que
são apenas dores...

EM - A PAIXÃO - ESCRITOS E DEMÊNCIAS - JOÃO DORDIO - IN-FINITA

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