quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... GILVÂNIA MACHADO


Agradecemos à autora GILVÂNIA MACHADO a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 – Como você vê o papel da mulher na literatura atual?
   
A mulher está lutando por um espaço que lhe é de direito, mas que há muitos séculos lhe foi negado, a ponto de muitas, no passado, para poder publicar seus escritos tinham que esconder a sua identidade por meio do uso de  pseudônimos, pois só assim conseguiam transitar no mundo da literatura dominada  pelos homens. Na atualidade, ainda há muito que se conquistar. Não é à atoa os movimentos feministas, como a criação dos coletivos como o Mulherio das Letras, que se caracteriza como um movimento democrático, inclusivo, de empoderamento da escrita feminina, da mulher buscar seu protagonismo no  universo literário, ter visibilidade, voz. Em síntese, posso dizer que o papel da mulher na literatura é, sobretudo de luta, de engajamento para se firmar num espaço mais dominado pelos homens escritores, poder competir no  mercado editorial, de ter seu talento reconhecido e alcançar visibilidade.

2 – Em que medida o universo feminino influencia na hora de escrever?

A sensibilidade aguçada, o olhar humano sobre o mundo, uma delicadeza poética sem ser frágil, ao contrário, a mulher tem muita força. Certo tom confessional que fala de si e da existência humana.  Diria que essa força e delicadeza coexistem e influencia o fazer literário tão singular.

3 – Em que corrente literária acha que a sua escrita se enquadra?

Contemporânea, na maior parte dos poemas, prefiro o estilo minimalista. Dizer o máximo com o mínimo seja na forma de haicai, poetrix ou poemas de seis, oito versos. Não gosto de poemas prolixos.

4 - Que importância dá aos movimentos de integração da mulher?

A importância é o fortalecimento, esse sentimento de sororidade , uma segurando na mão da outra, contribuindo para o empoderamento feminino , e não uma competição acirrada. Penso que as mulheres tomaram consciência da importância dessa integração. Isso se reflete nas criações dos coletivos femininos, em projetos como “Leiam mulheres”, etc.

5 – O que acredita ser essencial para divulgar a literatura?

As redes sociais têm contribuído muito para difundir a literatura, cito também os festivais literários, bienais do livro, intercâmbios entre os países como  exemplo, o que ocorre agora com o Mulherio de Portugal  e a oportunidade de participar das antologias. Isso é maravilhoso!

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Os pontos positivos é que a escrita é um ato libertador, restaurador. A literatura celebra as alegrias da vida e nos ajuda a suportar os infortúnios. De negativo, eu vejo que há nesse universo, infelizmente, a vaidade humana, a arrogância. É preciso saber lidar com esse narcisismo que faz parte do ser humano.

7 – O que pretende alcançar enquanto autora?

Entre tantos ecos, encontrar a minha própria voz. Ter o reconhecimento. Conectar-me comigo, com a natureza, com universo. A escrita exige que sejamos observadores.  Enfim contribuir para um mundo mais humano.

8 – Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Em curto prazo, lançar mais um livro solo de poesia. E em longo prazo, com  aposentaria, dedicar-me mais à literatura, viajar, participar de festivais literários.  Investir numa editora cartonera, ou numa cafeteria literária (risos)

9 - Sugira uma autora e um livro (contemporâneos).

A nossa musa do Mulherio no Brasil: Maria Valeria Resende. O livro “Quarenta dias”, de sua autoria.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Como você lida com essa sociedade líquida? E eu responderia: através da literatura busco valores permanentes, relações pautadas na ética, no respeito e no amor.


Biografia
Gilvânia Machado, natural de Natal (RN). Mestre em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Professora, poeta e escritora. Membro e Diretora do Conselho Consultivo da União Brasileira de Escritores (UBE-RN); Membro da Associação Literária e Artística de Mulheres Potiguares (ALAMP). Participou de várias coletâneas de poesia e contos. Publicou também em diversos jornais e revistas. Em 2014, lançou seu livro solo de poetrix Rendas & Fendas, na Bienal do Livro, em São Paulo. 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Toca a falar disso