domingo, 24 de fevereiro de 2019

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... LITAS RICARDO


Agradecemos à autora LITAS RICARDO a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 – Como você vê o papel da mulher na literatura atual?

Esta questão é interessante, visto que me obrigou a pesquisar sobre o assunto, já que, confesso, ainda não me tinha questionado sobre tal. Claro que tenho a noção das diferenças criadas, mas acabo de perceber que de facto, hoje o papel da mulher na literatura, é bem mais amplo que outrora. Também a sua forma de escrever a coloca numa situação bem mais confortável, visto que a própria sociedade evoluiu. Apesar de reconhecer que ainda é o homem que domina os prémios na literatura, reconheço que nós mulheres, estamos no bom caminho no sentido de deitar abaixo ideias preconcebidas bem como costumes obsoletos.

2 – Em que medida o universo feminino influencia na hora de escrever?

Para melhor resposta, transcrevo um texto de Virgia Woolf: “(…) quando se põe a escrever um romance, uma mulher constata que está querendo incessantemente alterar os valores estabelecidos – querendo tornar sério o que parece insignificante a um homem, e banal o que para ele é importante. Por isso, é claro, ela será criticada; porque o crítico do sexo oposto ficará surpreso e intrigado de verdade com uma tentativa de alterar a atual escala de valores, vendo nisso não só uma diferença de visão, mas também uma visão que é fraca, ou banal, ou sentimental, por não ser igual à dele”. Para mim, este texto retrata bem a influência do feminino, pela diferença entre a escrita no masculino que é mais racional, enquanto a do feminino, é mais emocional.

3 – Em que corrente literária acha que a sua escrita se enquadra?

Escrevo ficção, poema e poesia.

4 - Que importância dá aos movimentos de integração da mulher?

Todos os movimentos foram e são importantes. Todavia, na atualidade, acredito que o alcance que pretendemos ter na nossa vida, em muito depende de cada um de nós, e isso, é uma conquista diária...

5 – O que acredita ser essencial para divulgar a literatura?

Para mim o essencial para divulgar a literatura, entre a honestidade e o trabalho de quem o faz, o conhecimento das ferramentas em função de cada público tem igualmente uma influência considerável. No meu ponto de vista, a literatura está bem divulgada. Considero que este mercado está espelhado em todo lado, está bem explorado. Existem imensos eventos literários divulgados nas diversas redes sociais, um mundo a cada esquina, num hipermercado ou até nas estradas... Hoje dou por mim a escolher qual o evento em que estarão mais amigos, pois todos os fins de semana há eventos literários. Ora se eu tomo conhecimento, creio que todos tomam da mesma forma.
A respeito da literatura, pessoalmente, considero que o que falha mesmo, e muito se tem discutido quando falo com outros autores, é a presença do leitor.  Mas isso, não depende da divulgação, mas das consciências e vontades de cada um.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Começo por esclarecer que o que vou descrever, faço-o de forma individual e pelo que observo ao longo do tempo e da minha presença em eventos literários, cujos diálogos vêm muitas vezes ao encontro desta questão.
Primeiramente realço três pontos que considero negativos: os custos para o autor, a distribuição do seu livro e a sua influência no mundo. Para mim, os custos para publicação são elevados. No meu caso, só consegui lançar os meus livros com recurso a uma plataforma de crowdfuding. No que concerne à distribuição, este é mais uma complexidade no mundo literário. Desde as editoras até às livrarias, eis um misto complicado que condiciona a distribuição dos livros. Contudo, se o autor vai à televisão, ou se tem posição social, está lançado. O seu livro tem as portas abertas na editora, porque os leitores compram quem conhecem, independentemente de ser ou não uma boa escrita, e as livrarias até estendem a passadeira vermelha, colocando as suas faces destacadas na entrada. Mas, se pelo contrário, um autor está fora destes meios, então é um “nobre desconhecido” e o leitor não se desperta, nem se interessa em o conhecer. Existem muitos estigmas em relação aos autores, e isto, é algo que tenho vindo a observar e a viver nos eventos que tenho estado presente. A visibilidade pública do autor e a sua escolaridade, são dois pontos-chave para se negar conhecer um autor. Um dia questionei uma Senhora que visitou a feira do livro onde eu estava presente, pelo facto de ela ter negado conhecer-me enquanto pessoa e autora, após questionar a minha escolaridade, ou seja, por eu ter somente o 12º ano: Se a Senhora não me conhece de lugar nenhum, porque afirma que não gosta do que escrevo?
Quanto ao ponto positivo: a cor da vida. Desde 2014, com a publicação do primeiro livro, que sou muito mais feliz, pois este mundo transportou-me para vivências as quais valorizo imenso: desde os convívios que me permitem conhecer pessoas e as suas histórias de vida, conhecer lugares diferentes, até à partilha de realidades e viveres. E é nesta imensidão de sentires, que evoluo enquanto pessoa e escritora. Aprendi a apreciar e a analisar cada pormenor que me rodeia. Ou seja, pessoalmente, e só posso dar a minha opinião pessoal, hoje vejo-me em lugares que não pensava antes de frequentar, vejo-me com pessoas que acreditava serem inalcançáveis, valorizo muito mais os encontros com outras pessoas, até porque a minha inspiração, advém do contacto com as pessoas, com as suas e as minhas vivências.

7 – O que pretende alcançar enquanto autora?

Quero continuar a escrever, publicar o que me for possível, e o que advier daí, é bem recebido.

8 – Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Publicar o primeiro livro de poesia da minha autoria, assim como o romance que está preparado; e a longo prazo, escrever um livro com referência ao Síndrome de Down, o qual desejo muito fazer e ceder os direitos de autor a uma associação.

9 - Sugira uma autora e um livro (contemporâneos).

O livro “Anjos Negros” de Laura Alho

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Considera-se uma mulher feliz? Sim, sou uma mulher muito feliz, tanto na pele de autora como na pele da mulher por detrás da autora, pois amo viver.


Sobre a autora:
Autora: Litas Ricardo
Poemas: Adjetivo de Mulher e Saudade Revolta
Cidade: Santarém, Portugal
BIOGRAFIA  LITERÁRIA:
Autora dos livros “Era uma vez… a minha Vida!” e “O valor da vida”, tem no momento participação em dez antologias publicadas, tanto com textos poéticos, como com um conto.
Escrever é respirar; respirar é viver; viver é agradecer cada dia com a consciência que o coração é o melhor guia.

1 comentário:

Toca a falar disso