sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

IN-FINITA APRESENTA... COMO FAZER AMOR

Por vezes o melhor que podemos fazer por um livro, e seu autor, é dar a conhecer a primeira impressão. Assim sendo, aqui fica o prefácio que Susana Nunes escreveu para o livro, COMO FAZER AMOR, de Alberto Cuddel. 

“A maior solidão é a do ser que não ama
A maior solidão é a do ser que se ausenta
Que se defende.
Que se recusa a participar na vida humana”
Vinícius de Morais

Começo por dizer que foi uma honra e uma surpresa ter sido convidada a prefaciar este livro de Alberto Cuddel, sendo que este momento será um completo prazer que guardarei em mim para a vida sempre na minha memória. “Como Fazer Amor” é um livro que nos convida a todos, para um passeio poético, enamorado de imagens sensíveis, onde uma imaginária tapeçaria vermelha se estende e personifica o des-filar elegante de todas as cores com que se pode vestir o mais sublime dos sentimentos... O Amor. O autor reveste-o de véus sensuais, translúcidos e chega até a materializar-lhes corpos que ora sustentam o subtil de um amor quase platónico, quase intocável, enaltecendo-lhe o sonho, ora tocam o rubro dos mais apimentados e exacerbados desejos da paixão. “Como Fazer Amor” é uma viagem para além das margens, para além dos muros preconceituosos, para além das barreiras dos pudores que limitam e castram as asas necessárias à sua explosão no querer maior, de todos os seus sentires que se exigem absolutos. A poesia de Alberto Cuddel envolve-se e espraia-se por todas as partes do corpo, por todas as reentrâncias do pensamento labiríntico e desta forma, coloca-nos nos palcos superiores dos sentimentos, onde as cenas de amor se dramatizam intensas, arrancadas às entranhas, vestidas de pele com arfares de sexos, projectadas em cenários espontâneos e despudorados. O poeta cria e recria o que lhe vai por dentro da alma, agarrando-se a um estado natural,no mais autêntico escancarar dos preliminares que lhe estão subjacentes, causando no leitor as sensações dos desejos mais intimistas. O amor escrito e assim o afirmam, vários ensaístas, passou a ser neste século, lugar gasto, banalizado muitas vezes por dentro dos lugares comuns, repetições de versos iguais, momentos sem projectos de inovação. De facto, assim é, e por conseguinte, há que contrariar esta tendência e deixar fluir cada vez mais o líquido das palavras, para que corram livres nos rios das veias e se cubram de todos os cheiros, de todas as mais humanas naturezas. Alberto Cuddel e nomeadamente neste livro “Como Fazer Amor”, não se oculta da verdade, não se separa nunca da sua identidade, revelando sempre uma profundidade extraordinária no contexto em que se assume, perante a palavra rasgada na arte da poesia... Posso para tal referir o poema “Ah... A Vida”, em que o poeta faz uma exaltação à Mulher enquanto figura única para a motivação da agradável existência terrena, onde a afirmação do amor altruísta se revela no quotidiano em que se desenvolve sem se vangloriar no alarido ou na altivez, numa generosidade de silêncios. Poema “Não Jures”, na urgência do estado do tempo presente do amor, como única importância, sem condições, sem questões sobre o passado. Poema “Filosofando o Amor”, onde o poeta interpela a sua existência, a liberdade de ser livre, o seu conhecimento e construção enquanto Homem, onde busca fundamentações para a importância do existir com valores de substância. Poema “As Borboletas” onde o Amor é ternura, é candura e sonho bucólico na harmonia da beleza. Poema “Amor Doentio” onde enaltece a dor que faz colar ao gozo apaixonado. Na junção dos dois sentires, o do Amor e o do Ódio, numa doença bendi ta e consentida, trespassada pelo perpétuo amor e ao mesmo tempo, pela sua finitude de morte. Poema “Noite Ordinária” onde o autor desvenda o fervoroso despudor do sexo desnorteado e animalesco, arrebatado aos sentires insanos na loucura do Amor exposto.
Enfim, estamos perante um livro de poesia intenso e desgovernado nos sabores do amor e, no entanto, surpreendentemente inocente e sereno como também tantas vezes o amor é. Alberto Cuddel despede-se nestas páginas poéticas com requinte, mas não sem antes dissertar de uma forma inovadora, sobre o seu estar na sua profissão, o que confere ao livro, um final magnífico muito nobre. Um livro para ler calmamente e para saborear momentos de vida que afinal é e será de todos nós.
Susana Nunes
Autora de: “Na Pele da Palavra”

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