Agradecemos à autora ROSANA PICCOLO a disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 - Como se
define enquanto autora e pessoa?
Não sei se
a autora pode ser separada da pessoa. Creio que uma reflete a outra. Tudo o que
escrevi até hoje pode ser considerado como páginas de um mesmo livro, e esse
livro, uma espécie de diário, onde retrato o dia a dia da metrópole, vivido há
cerca de quatro décadas.
2 - O que a
inspira?
Praticamente
todos os aspectos da cidade grande. Encontro meus poemas nas multidões, ruas movimentadas,
personagens que passariam despercebidas por um olhar não direcionado. Tem a
noite também. A noite como símbolo de libertação, a noite como inimiga da razão
perversa do dia. Porque é o dia que nos oprime, o dia com seus deveres,
obrigações, o dia dos conceitos, da realidade concreta oposta à metáfora e ao
sonho. “Não é a noite que te falta, mas o seu poder”, escreve Éluard. A noite,
a boa loucura da noite enquanto poder revolucionário. Acredito nisso.
3 - Existem
tabus na sua escrita? Porquê?
Existe. É o
amor romântico. Muito difícil escrever sobre esse tema sem cair na pieguice.
Além disso, não gosto do assunto.
4 - Que
importância dá às antologias e colectâneas?
Gosto das
antologias temáticas. Como leitora e como poeta. Como poeta, por ser uma forma
de democratizar a participação de autores de várias tendências num único tema
(ou não). Enquanto leitora, por permitirem um “conhecimento” mais amplo do
assunto em questão.
5 - Que
impacto têm as redes sociais no seu percurso?
São de grande
importância na divulgação do trabalho. O feed
back é imediato em relação aos outros meios de comunicação. Há ótimas
revistas eletrônicas de literatura, sempre que posso, tento participar.
6 - Quais
os pontos positivos e negativos do universo da escrita?
Não sei se
entendi bem a pergunta, mas vou dizer o que acho. No Brasil, atualmente, há um
grande número de pequenas editoras, que surgem como alternativa ao monopólio
das grandes, pautadas pelo lucro das vendas.
Ora, eu
faço poesia, não mercadoria (a discussão da arte como mercadoria é ampla e não
cabe aqui). No meu entender, a venda é consequência, não objetivo.
Sendo
assim, só posso ver como positivo o nascimento dessas editoras, que publicam
pequenas tiragens em parceria com os autores. Por outro lado, não sei se em
função dessa facilidade ou não, o que percebo é uma proliferação de “poetas”
como nunca houve talvez. É preciso critério, acho eu, para que a poesia não se
banalize e perca seu poder de impacto.
7 - O que
acredita ser essencial na divulgação de um autor?
A
divulgação é a última etapa. O essencial é o trabalho. Se ele for de qualidade,
divulga-se quase sozinho nas redes sociais, saraus e coletâneas.
8 - Quais
os projectos para o futuro?
A curto prazo,
uma antologia comemorativa dos meus 20 anos de estrada, com poemas antigos ao
lado de outros, inéditos.
9 - Sugira
um autor e um livro!
Indico
Lautréamont, Os Cantos de Maldoror.
Em filosofia, a Genealogia da Moral,
de Nietzsche. Ou Artaud, O Teatro e seu
Duplo. Esses três se complementam, em certo sentido.
10 - Qual a
pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
Uma
pergunta que se faz com frequência é sobre nossas influências. Tive várias.
Baudelaire (dos Quadros Parisienses) e, no Brasil, Roberto Piva, para citar as
mais importantes.
Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link
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