Agradecemos à autora SUZANA D'EÇA a disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 - Como se define enquanto autora e pessoa?
Acima de tudo, um ser
humano, uma mulher, uma mãe, uma filha, uma pessoa solidária que escreve com
delícia e que ama a vida. A vida é um dom.
Depois sou tudo o que
já fui: Criança; Jovem; Estudante, Viajante; Professora de História; Diretora
Comercial e Relações Públicas; Coordenadora de Relações Públicas e Gestão de
Eventos da TVI - Televisão Independente S.A; aluna de Escrita Criativa e de
Storytelling, consultora de Relações Públicas e Eventos, consultora no Gabinte
de Cultura da JFAN e tudo aquilo que continuarei a ser: crente, positiva,
empreendedora e sonhadora. Gosto de acreditar.
2 - O que a inspira?
Inspiro-me na vida e nas pessoas; nas minhas
leituras; nas minhas amarguras, mas também na minha felicidade feita de bons
momentos; no gosto pelo belo, nos meus leitores - minhas musas, sempre
presentes. Depois, há sempre o depois: brota-me como uma cascata a imaginação e
escrevo em torrente. Mais tarde volto, penso e amadureço a jovem escrita, até
sentir luz.
3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?
Não tenho tabus, na
medida em que quando escrevo incarno as minhas personagens, no que respeita à
escrita criativa, no que respeita à poesia também escrevo o que sinto,
mas não escrevo só para mim, escrevo para toda a gente.
Escrever preenche
qualquer vazio que, por vezes, encontro em mim. Mas não escrevo para mim, como
referi, pois quem escreve é para quem lê. Quem escreve dá um pouco de si e quem
lê, leva esse pouco (ou muito…) de nós, e interpreta. Cria-se uma
simbiose entre autor e leitor e cada leitor é um novo amigo, é muito gratificante.
4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?
Trabalhar com os
outros, trabalhar em equipa é valorizar também o trabalho dos outros
autores, e eu acho importante a divulgação dos novos talentos. Por outro
lado se eu vendo ou ofereço uma antologia ou colectânea, estou a dar a
conhecer obras da minha autoria e a ajudar a que leiam obras de outros autores.
Assim sendo, o mesmo se passa com cada autor que participa em trabalhos
colectivos, no que respeita à minha escrita. Para além de que nos incentiva no
processo criativo colaborar nestes trabalhos e valoriza em termos de
comunicação, o autor, se a divulgação for bem feita.
Escrever permite-me ser mais introspectiva e
conhecer-me melhor, para poder conhecer melhor os outros e saber dar. É uma
constante aprendizagem que nos obriga a crescer e ainda bem. Saber dar passa
obviamente pela partilha, neste caso da arte da escrita.
5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?
Ah! As Redes Sociais!
Estive 23 anos numa televisão e como Coordenadora de Relações Públicas e
Eventos, como tal penso que são ferramentas fundamentais para uma divulgação,
mais completa, dos autores e suas obras.
A vida impele-me
a escrever, escrever faz parte do meu corpo físico, escrevi e escrevo;
antologias poéticas, livros de poemas; textos de escrita criativa e livros
infantis. Porém sem a divulgação, nas redes sociais, da minha
imagem e minha obra não chego às pessoas, ou não chego a tantas pessoas,
com quem gostaria de partilhar o que com paixão faço. As redes sociais
contam a história por detrás da história, dão-nos na imagem, o real daquele
momento que nós captamos, tornando-o eterno, depois cada pessoa que lê
interpreta-o de forma diferente, e isso é verdadeiramente fascinante, pois
vamos chegando ao coração de cada um e cada pessoa capta o real que
escrevemos e o imaginário que advém da interpretação, é maravilhoso.
6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?
Há uma grande solidão,
na escrita que nos amargura e até vermos luz é um processo doloroso, depois
toda a gente gosta de ser amada e gosta que gostem de nós. O homem é um animal
social e por vezes não agradamos a todos e isso dói, embora seja um processo
compreensível. Eu gosto de ser positiva e de escolher ser feliz.
A vida é feita de
momentos e a felicidade também, e encontra-se por vezes nas coisas mais simples
do nosso dia-a-dia, só é necessário estar atento e desfrutar. A escrita também
é feita de momentos captados e da sensibilidade de quem está por detrás da
"câmara", quer seja a sensibilidade da alma, ou a perspicácia do
raciocínio, aumentando ou diminuindo a sensibilidade nominal do filme da nossa
vida, ou do sensor do leitor. Há que apreender a acentuar os momentos menos
felizes em contraste com os de grande alegria interior que devemos viver
e "expoenciar". Aumentar ou diminuir sua escala tonal, é o
segredo, ou seja dar a cor que queremos à nossa vida. Desvalorizar os momentos
maus, mas apreendendo com eles e valorizar os momentos felizes.
7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?
O Amor pelo trabalho que se escolhe, e a boa
relação entre o editor e autor, é fundamental. Deve-se querer conhecer bem o
autor (ou pelo menos tentar) que temos para divulgar e depois fazer os
possíveis quer na Internet, usando as suas diversas facetas; quer nos
demais media; quer nas livrarias e feiras de livros, publicitar esse autor.
Deve-se criar laços para que a editora possa ser a verdadeira rampa para o
sucesso do seu autor. Quanto mais um autor for divulgado e conhecido maior é
também o sucesso da editora, a produtividade neste caso é gratificante, penso
eu. Contudo a boa relação, educação e carinho com que se trata os autores e por
sua vez os autores aos leitores, é fundamental. O respeito por nós próprios e
por cada um é importante. Mas isso não é fácil, essa cumplicidade na maior
parte dos casos não existe. Penso que se tem que construir e é preciso querer
construir de facto uma boa relação, não pode ser só publicar obras e
colectâneas, falta o envolvimento.
8 - Quais os projectos para o futuro?
Quero lançar um livro
de escrita criativa para adultos e mais uma edição de poesia, já escrevi tantos
poemas depois do meu primeiro livro de poesia "Sonhar Acontece"
da Pastelaria Studios Editora. E em exclusivo digo: Tenho pronto um novo
livro infantil, depois do sucesso do livro Matilde, a Noite e a Lua, da
Vieira da Silva editora, que já está quase na terceira edição. Tenho fé de que
este novo livro, vai ser uma bela experiência.
Continuo com vários
projectos em antologias e colectâneas: escrever é um imediatismo e é
incontrolável.
Depois é sempre o
senhor que se segue…
O próximo capítulo da
vida, o livro seguinte, o novo mergulho entronizante.
Um mergulho com certeza
nos rios do Amor e da Amizade, os maiores valores de sempre, nas perdas da vida
estas riquezas tornam-se preciosas.
Mas para já quero-me
concentrar no agora. Vive-se um dia de cada vez, e cada dia é um desafio novo,
onde a capacidade de amar deve ser mais forte do que o medo. É preciso
Acreditar.
9 - Sugira um autor e um livro!
Esta é difícil, pois
não parava de escrever nomes. São tantos. Vamos lá, só a alguns: Eça de
Queiroz, Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Rosa Lobato
Faria (poesia), Mário de Sá Carneiro, António Tabucchi, Gabriel Garcia Marquez,
Marcus Vinícius de Moraes, Guerra Junqueiro, Almeida Garret, Camões, Ricardo
Eliecer Neftalí Reyes Basoalto - conhecido popularmente como Pablo Neruda,
Rainer Maria Rilke, Pedro Paixão, Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa -
Agustina Bessa Luís, José Tolentino de Mendonça, Teresa de Saldanha, Sophia de
Mello Breyner Andresen, -Alice Vieira, Emanuel Lomelino, João Dordio, Valter
Hugo Mãe, António Pinto Machado, Manuel Pinto Machado, José Ribeiro e
Castro, Mario Vargas Llosa, Umberto Eco, Mia Couto, Marguerite Yourcenar,
Orhan Pamuk, Lev Nikolayevich Tolstoi - Leon Tolstói, Fiódor Dostoiévsk, James
Joyce, Thomas Mann, William Faulkner, Jung Chan, Somerset Maugham, Ernest
Hemingway, Alain Absire, Carlos Ruiz Zafón. Ui tenho que parar, se não fica
longa a lista e rasuram (rizo).
Mas ainda tinha muitos
“escritores preferidos” para colocar. Para além de todos aqueles autores de que
também gosto muito e dos que simplesmente gosto, e de outros cuja uma das obras
amei.
Mas recomendar um
livro e um escritor, então que seja português e que alimente polémicas:
"Os Maias" de José Maria de Eça de Queiroz.
10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
Talvez porque escrevo e
qual a minha maior paixão?
R- Desde os primeiros
anos do liceu que escrevo, na altura ciclo preparatório, apaixonadamente e
ciente que sou uma viciada na leitura e na escrita. Desde muito cedo que
devorava livros e voava com eles. Por volta dessa altura descobri que voava
ainda mais escrevendo, porque voava nas asas da minha imaginação.
Mas também me está no
sangue escrever, a escrita corre-me saudavelmente nas veias. Assim sendo, desde
muito nova que me senti impelida a escrever. Escrever faz parte do meu corpo
físico e é mais forte do que eu: Tenho que preencher de emoções, memórias e
outras histórias, o papel imaculado, tornando a folha de papel viva. E tal como
a vida, o livro faz- - se folha a folha.
Mas a publicar,
já foi mais tarde confesso.Comecei por ter uma rubrica ao Domingo, num blogue
familiar, onde todos me incentivavam a publicar. Daí aos concursos poéticos,
tertúlias e publicações em colectâneas e antologias foi um pulo. Mas o
verdadeiro salto foram os livros a solo, uma viagem vertiginosa da qual não
quero regressar. Gosto muito que o leitor capte o que escrevo e deduza o que
quero dizer e não escrevi, para que o mesmo o intuísse. A graça que tem em
escrever nas entre linhas... Como dizia Antoine de Saint-Exupéry (acabo sempre
por citar este meu querido autor), “só se vê bem com o coração, o essencial é
invisível aos olhos”.
Gosto de escrever.
Gosto de histórias da História da vida. Mas a vida é um dom e a minha maior
paixão.
Na vida cabem todas as
outras paixões, construídas com o amor, com a amizade e com a imaginação. E no
amor cabe a família, os amigos e o amor aos outros.
A vida vive-se apenas
de uma maneira, um dia, uma hora, um minuto ou talvez mesmo um segundo, de cada
vez. E nela cabem todos os retratos: o da felicidade, o da angústia, o do
desespero, o da alegria, o da loucura, o da saudade, o da meditação e o da contemplação.
E estes estados cabem
em todas as paisagens e em todos os rostos que os espelham, possíveis de serem
contados se os captarmos e os intuirmos. A vida é feita de momentos e a
felicidade também, e esta última encontra-se por vezes nas coisas mais simples
do nosso dia-a-dia. Só é necessário estar atento e ser grato.
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