quarta-feira, 8 de agosto de 2018

DEZ PERGUNTAS A... SUZANA D'EÇA


Agradecemos à autora SUZANA D'EÇA a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto autora e pessoa?

Acima de tudo, um ser humano, uma mulher, uma mãe, uma filha, uma pessoa solidária que escreve com delícia e que ama a vida. A vida é um dom.

Depois sou tudo o que já fui: Criança; Jovem; Estudante, Viajante; Professora de História; Diretora Comercial e Relações Públicas; Coordenadora de Relações Públicas e Gestão de Eventos da TVI - Televisão Independente S.A; aluna de Escrita Criativa e de Storytelling, consultora de Relações Públicas e Eventos, consultora no Gabinte de Cultura da JFAN e tudo aquilo que continuarei a ser: crente, positiva, empreendedora e sonhadora. Gosto de acreditar.

2 - O que a inspira?

Inspiro-me na vida e nas pessoas; nas minhas leituras; nas minhas amarguras, mas também na minha felicidade feita de bons momentos; no gosto pelo belo, nos meus leitores - minhas musas, sempre presentes. Depois, há sempre o depois: brota-me como uma cascata a imaginação e escrevo em torrente. Mais tarde volto, penso e amadureço a jovem escrita, até sentir luz.

3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?

Não tenho tabus, na medida em que quando escrevo incarno as minhas personagens, no que respeita à escrita criativa, no que respeita à poesia também  escrevo o que sinto, mas não escrevo só para mim, escrevo para toda a gente.

Escrever preenche qualquer vazio que, por vezes, encontro em mim. Mas não escrevo para mim, como referi, pois quem escreve é para quem lê. Quem escreve dá um pouco de si e quem lê, leva esse pouco (ou muito…) de nós,  e interpreta. Cria-se uma simbiose entre autor e leitor e cada leitor é um novo amigo, é muito gratificante.

4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?

Trabalhar com os outros, trabalhar em equipa é valorizar também o trabalho dos outros autores,  e eu acho importante a divulgação dos novos talentos. Por outro lado se eu vendo ou ofereço uma antologia ou colectânea,  estou a dar a conhecer obras da minha autoria e a ajudar a que leiam obras de outros autores. Assim sendo, o mesmo se passa com cada autor que participa em trabalhos colectivos, no que respeita à minha escrita. Para além de que nos incentiva no processo criativo colaborar nestes trabalhos e valoriza em termos de comunicação, o autor, se a divulgação for bem feita.
Escrever permite-me ser mais introspectiva e conhecer-me melhor, para poder conhecer melhor os outros e saber dar. É uma constante aprendizagem que nos obriga a crescer e ainda bem. Saber dar passa obviamente pela partilha, neste caso da arte da escrita.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

Ah! As Redes Sociais! Estive 23 anos numa televisão e como Coordenadora de Relações Públicas e Eventos, como tal penso que são ferramentas fundamentais para uma divulgação, mais completa, dos autores e suas obras.

 A vida impele-me a escrever, escrever faz parte do meu corpo físico, escrevi e escrevo; antologias poéticas, livros de poemas; textos de escrita criativa e livros infantis. Porém sem a divulgação, nas redes sociais, da minha  imagem  e minha obra não chego às pessoas, ou não chego a tantas pessoas, com quem gostaria de partilhar o que com paixão faço. As redes sociais  contam a história por detrás da história, dão-nos na imagem, o real daquele momento que nós captamos, tornando-o eterno, depois cada pessoa que lê interpreta-o de forma diferente, e isso é verdadeiramente fascinante, pois vamos chegando ao coração de cada um e cada pessoa capta o real  que escrevemos e o imaginário que advém da interpretação, é maravilhoso.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Há uma grande solidão, na escrita que nos amargura e até vermos luz é um processo doloroso, depois toda a gente gosta de ser amada e gosta que gostem de nós. O homem é um animal social e por vezes não agradamos a todos e isso dói, embora seja um processo compreensível. Eu gosto de ser positiva e de escolher ser feliz.

A vida é feita de momentos e a felicidade também, e encontra-se por vezes nas coisas mais simples do nosso dia-a-dia, só é necessário estar atento e desfrutar. A escrita também é feita de momentos captados e da sensibilidade de quem está por detrás da "câmara", quer seja a sensibilidade da alma, ou a perspicácia do raciocínio, aumentando ou diminuindo a sensibilidade nominal do filme da nossa vida, ou do sensor do leitor. Há que apreender a acentuar os momentos menos felizes em  contraste com os de grande alegria interior que devemos viver e "expoenciar".  Aumentar ou diminuir sua escala tonal, é o segredo, ou seja dar a cor que queremos à nossa vida. Desvalorizar os momentos maus, mas apreendendo com eles e valorizar os momentos felizes. 

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

O Amor pelo trabalho que se escolhe, e a boa relação entre o editor e autor, é fundamental. Deve-se querer conhecer bem o autor (ou pelo menos tentar) que temos para divulgar e depois fazer os possíveis quer na Internet, usando as suas diversas facetas; quer  nos demais media; quer nas livrarias e feiras de livros, publicitar esse autor. Deve-se criar laços para que a editora possa ser a verdadeira rampa para o sucesso do seu autor. Quanto mais um autor for divulgado e conhecido maior é também o sucesso da editora, a produtividade neste caso é gratificante, penso eu. Contudo a boa relação, educação e carinho com que se trata os autores e por sua vez os autores aos leitores, é fundamental. O respeito por nós próprios e por cada um é importante. Mas isso não é fácil, essa cumplicidade na maior parte dos casos não existe. Penso que se tem que construir e é preciso querer construir de facto uma boa relação, não pode ser só publicar obras e colectâneas, falta o envolvimento. 

8 - Quais os projectos para o futuro?

Quero lançar um livro de escrita criativa para adultos e mais uma edição de poesia, já escrevi tantos poemas  depois do meu primeiro livro de poesia "Sonhar Acontece" da Pastelaria Studios Editora. E em exclusivo digo:  Tenho pronto um novo livro infantil,  depois do sucesso do livro Matilde, a Noite e a Lua, da Vieira da Silva editora, que já está quase na terceira edição. Tenho fé de que este novo livro, vai ser uma bela experiência.
Continuo com vários projectos em antologias e colectâneas: escrever é  um imediatismo e é incontrolável.
Depois é sempre o senhor que se segue… 
O próximo capítulo da vida, o livro seguinte, o novo mergulho entronizante. 
Um mergulho com certeza nos rios do Amor e da Amizade, os maiores valores de sempre, nas perdas da vida estas riquezas tornam-se preciosas.

Mas para já quero-me concentrar no agora. Vive-se um dia de cada vez, e cada dia é um desafio novo, onde a capacidade de amar deve ser mais forte do que o medo. É preciso Acreditar.

9 - Sugira um autor e um livro!

Esta é difícil, pois não parava de escrever nomes. São tantos. Vamos lá, só a alguns: Eça de Queiroz, Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Rosa Lobato Faria (poesia), Mário de Sá Carneiro, António Tabucchi, Gabriel Garcia Marquez, Marcus Vinícius de Moraes, Guerra Junqueiro, Almeida Garret, Camões, Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto - conhecido popularmente como Pablo Neruda, Rainer Maria Rilke, Pedro Paixão, Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa - Agustina Bessa Luís, José Tolentino de Mendonça, Teresa de Saldanha, Sophia de Mello Breyner Andresen, -Alice Vieira, Emanuel Lomelino, João Dordio, Valter Hugo Mãe, António Pinto Machado, Manuel Pinto Machado, José Ribeiro e Castro,  Mario Vargas Llosa, Umberto Eco, Mia Couto, Marguerite Yourcenar, Orhan Pamuk, Lev Nikolayevich Tolstoi - Leon Tolstói, Fiódor Dostoiévsk, James Joyce, Thomas Mann, William Faulkner, Jung Chan, Somerset Maugham, Ernest Hemingway, Alain Absire, Carlos Ruiz Zafón. Ui tenho que parar, se não fica longa a lista e rasuram (rizo).
Mas ainda tinha muitos “escritores preferidos” para colocar. Para além de todos aqueles autores de que também gosto muito e dos que simplesmente gosto, e de outros cuja uma das obras amei.
Mas recomendar um livro e um escritor, então que seja português e que alimente polémicas: "Os Maias" de José Maria de Eça de Queiroz.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?


Talvez porque escrevo e qual a minha maior paixão?
R- Desde os primeiros anos do liceu que escrevo, na altura ciclo preparatório, apaixonadamente e ciente que sou uma viciada na leitura e na escrita.  Desde muito cedo que devorava livros e voava com eles. Por volta dessa altura descobri que voava ainda mais escrevendo, porque voava nas asas da minha imaginação.
Mas também me está no sangue escrever, a escrita corre-me saudavelmente nas veias. Assim sendo, desde muito nova que me senti impelida a escrever. Escrever faz parte do meu corpo físico e é mais forte do que eu: Tenho que preencher de emoções, memórias e outras histórias, o papel imaculado, tornando a folha de papel viva. E tal como a vida, o livro faz- - se folha a folha.
 Mas a publicar, já foi mais tarde confesso.Comecei por ter uma rubrica ao Domingo, num blogue familiar, onde todos me incentivavam a publicar. Daí aos concursos poéticos, tertúlias e publicações em colectâneas e antologias foi um pulo. Mas o verdadeiro salto foram os livros a solo, uma viagem vertiginosa da qual não quero regressar. Gosto muito que o leitor capte o que escrevo e deduza o que quero dizer e não escrevi, para que o mesmo o intuísse. A graça que tem em escrever nas entre linhas... Como dizia Antoine de Saint-Exupéry (acabo sempre por citar este meu querido autor), “só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”.
Gosto de escrever. Gosto de histórias da História da vida. Mas a  vida é um dom e a minha maior paixão.
Na vida cabem todas as outras paixões, construídas com o amor, com a amizade e com a imaginação. E no amor cabe a família, os amigos e o amor aos outros.
A vida vive-se apenas de uma maneira, um dia, uma hora, um minuto ou talvez mesmo um segundo, de cada vez. E nela cabem todos os retratos: o da felicidade, o da angústia, o do desespero, o da alegria, o da loucura, o da saudade, o da meditação e o da contemplação.
E estes estados cabem em todas as paisagens e em todos os rostos que os espelham, possíveis de serem contados se os captarmos e os intuirmos. A vida é feita de momentos e a felicidade também, e esta última encontra-se por vezes nas coisas mais simples do nosso dia-a-dia. Só é necessário estar atento e ser grato.


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