segunda-feira, 16 de julho de 2018

DEZ PERGUNTAS A... MARIA ESTRELA DO MAR


Agradecemos à autora MARIA ESTRELA DO MAR a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto autora e pessoa?
Não as separo, são a mesma pessoa. Intensa mas simples, de grande emocionalidade, amante da liberdade, com grande sentido de justiça, humilde, amiga, apaixonada. Simples dentro da complexidade humana; ou, complexa dentro da minha simplicidade natural.
2 - O que a inspira?
Tudo! Mas essencialmente as pessoas. Sou muito observadora, sou assim desde criança, atenta aos pormenores, não só com as pessoas mas também com os lugares, tenho olho clínico! Absorvo o que me rodeia e depois trabalho esse material, que pode resultar num poema, numa crónica, numa história...
3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?
É uma pergunta interessante. Eu acho que temos sempre algum, ou alguns, tabus. Penso que poucas pessoas não os terão.
No que respeita a mim, nunca pensei muito nisso, daí achar a pergunta interessante e oportuna. Não sei se lhe chame tabu, mas de alguma forma será, há temas ou palavras que estão, ou tem estado, interditas minha escrita de forma mais ou, menos consciente. Tenho alguns princípios que me guiam na vida, e, na escrita, dos quais não abdico. Ainda que no exercício da escrita sinta uma liberdade imensa não deixo de ficar órfã de certos princípios. Com isto não significa que não me liberte, pelo contrário, a escrita é algo que me satisfaz profundamente, aliás, nos últimos anos é uma das atividades que mais prazer me tem proporcionado e, só por isso o faço, pelo prazer.
4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?
A meu ver são excelentes oportunidades para divulgar novos autores, para aqueles que procuram um dia um projeto “ a solo”, bem como para os que apenas pretendem dilatar as suas palavras nos formatos antologia ou coletânea, sem qualquer outra ambição.
5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?
Devo dizer que não sou muito adepta das redes sociais, fui sempre desconfiada, cautelosa, prudente no uso e atenta ao abuso. Não deixo de reconhecer a importância que as redes sociais passaram a operar na sociedade e, portanto, na vida das pessoas. Parece-me que enquanto ferramenta de marketing/publicidade é excelente, com muita facilidade um artista, um profissional (seja de que área for) consegue chegar a milhões de pessoas e assim dar a conhecer as suas habilidades e competências. Não me considero uma escritora, nem poetisa, tenho os pés bem assentes na terra e como tal, sei o amadurecimento basilar que a escrita exige. Sou alguém que ama as palavras, que desde cedo se apaixonou pelos livros, pelo material escrito, que começou dominar a leitura e nunca mais parou, que começou a escrever há muitos anos e guardou na gaveta, talvez por timidez, talvez por não reconhecer a qualidade dos seus escritos. Graças a um amigo, que é poeta e escritor, que viu o que eu não via, e que me disse que era grandiosa a minha escrita, que me “abanou” e convidou a mostrar o que de bom fazia sou hoje uma assídua nos projetos de antologias/coletâneas. Sou muito grata a ele, sempre serei. Ele sabe isso...
6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?
A escrita permite sempre que o autor se estenda, se exceda, se liberte, se supere, se esgote e, se renove. É um exercício fantástico, de grande compensação interior. Na escrita podemos ser o que quisermos, até quebrar todos os tabus (há pouco falávamos de tabus), ou alguns tabus, que consideramos que nos limitam no dia-a-dia.
Nem sempre é valorizada, por exemplo, a poesia é vista com alguma leveza, não é assim tão estimada...
Esperar viver da escrita também é algo que não se pode fazer, a não ser uma meia dúzia de casos que são efetivamente ESCRITORES a tempo inteiro, que vivem mesmo da escrita, são remunerados por isso; ou aqueles casos de sucesso de vendas que lhes permite viver confortavelmente dos livros.
7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?
Em primeiro lugar tem de ter qualidade, tem de ser bom no que faz; depois, uma editora séria, honesta, competente que apoie e esclareça o autor; e, atendendo ao momento presente, as redes sociais, são ferramenta fundamental na promoção do autor e do seu trabalho.
8 - Quais os projectos para o futuro?
Participar em coletâneas de prosa ou poesia. Têm sido esses projetos que me agradam e vão ao encontro daquilo que procuro. Por enquanto só nesse registo.
9 - Sugira um autor e um livro!
Ui, é muito complicado eleger um! Não consigo. Tenho de falar de vários. Se voltar à meninice recordo os livros que me apaixonaram e me fizeram ter vontade de aprender a ler bem: a coleção da “Anita”, e posteriormente a coleção “Uma Aventura”; depois, dois livros que me marcaram: “O Mundo de Sofia”, de Jostein Gaarder; e, “A Viagem Maravilhosa de Nils Holgersson”, de Selma Lagerlof; e, a seguir, todas as obras de Eça de Queiroz. Sou apaixonada pela escrita do Eça, ele é descritivo, vai ao detalhe e isso prendia-me, não me entediava (como acontecia com a maioria dos meus amigos e, colegas de escola). Na poesia: Florbela Espanca, Natália Correia, Ary dos Santos, Mário de Sá Carneiro. E fico por aqui, já desvirtuei a vossa pergunta!
10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
Não faço ideia, não tenho nenhuma pergunta em mente. Sinceramente não consigo destacar “A Pergunta”! A vida tem-me ensinado a deixar fluir, não planear, não delinear nada com muita certeza. Portanto, também se aplica às perguntas, todas as perguntas podem ser boas, surpreenderem-me, como aconteceu aqui, e...venham mais!

Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link

1 comentário:

  1. Parabéns pela entrevista, não só pela forma como foi conduzida, mas também pela pessoa que foi entrevistada. Já conheço a Maria de Sá há alguns anos e sempre foi "Estrela do Mar", só que ela não sabia ou pela humildade que tem na sua pessoa - ainda não tinha demonstrado o seu brilho, sobretudo na escrita, através da qual revela um mundo interior muito rico pleno de qualidades humanas. Bastava abrir uma janela e foi isso que ela nos fez e ainda bem...

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