quinta-feira, 5 de julho de 2018

DEZ PERGUNTAS A... ILANA ELEÁ


Agradecemos à autora ILANA ELEÁ a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto autora e pessoa?

Por páginas de observação, escuta, sentimento e impulso.

2 - O que a inspira?

O que está bem perto, possível de tocar; o que desapareceu do horizonte; os dias passando em versos.

3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?

Em um primeiro momento me vejo liberta de tabus mais evidentes, como os sexuais e religiosos. Não tenho religião e moro na Suécia, um país inspirador para democracias, liberdades, sexualidades, feminismo, questões de género: um alento. Entretanto, nesse país nórdico há uma série do que podem ser chamados de tabus políticos, como o terror de ser interpretado como conservador nas colocações públicas sobre questões de imigração, abafando questões importantes vindas da boca do povo para debaixo dos tapetes - o que infelizmente, em sintonia com a onda de fake news,  pode ter contribuído para a ascensão de partido de extrema-direita nas intenções de voto, também debaixo dos panos; cresce o debate acirrado sobre a reinvindicação pelo “lugar da fala”, “representatividade”  e “politicamente e ambientalmente correto” na literatura, o que muitos consideram a morte da literatura e sua liberdade e outros, uma necessidade vital, irrevogável. Considero este, então, o novo tabu para escritores, ou um dos desafios e temas para se pensar, em conjunto, sobre qual o papel e limites dos escritores na contemporaneidade.

4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?

Gosto delas como conceito e diversidade. Em sueco, uma criteriosa antologia com autores brasileiros, publicada pela editora Tranan, tem sido minha escolha há anos para presentear amigos. Imagine o impacto em poder oferecer, em um único exemplar, trechos e contos com tantas vozes de qualidade.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

Imenso. A forca da rede Mulherio das Letras - no Brasil e na Europa - , assim como a página Um poema nórdico ao dia, me impulsionaram a mudar a rota de atuação, rumo a literatura e poesia, de maneira íngreme e bonita.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Deixo essa questão para a matemática. Para mim, a escrita é fluxo e encontro.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

Entrevistas são interessantes; mas resenhas críticas profissionais e comentários dos leitores ainda soam fundamentais.

8 - Quais os projectos para o futuro?

Sou pedagoga, com doutorado em Educação e agora pretendo estudar Literatura, recomeçar nos grupos universitários como curiosa aluna, movida por poesia. Meu livro infantil, Caramela, está sendo ilustrado pela talentosa artista Martha Werneck, procuraremos editoras em breve.  Uma publicação artesanal para meu livro de poesias seria devaneio. A continuação de Encontros de neve e sol está sendo escrita. E ah! A biblioteca infantil no jardim ficaria linda se plantada em outras varandas e casas.

9 - Sugira um autor e um livro!

Só para ficar com quatro maravilhas atuais escritas por jovens poetas brasileiras vivas digo: O peso do pássaro morto, da Aline Bei; Quando o céu cair, da Danielle Magalhaes; 16 poemas + 1, da Francesca Cricelli; O livro das semelhanças, da Ana Martins Marques.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Porquê a poesia? Me perguntariam. E para responder, me deitaria em versos, com a síntese do sentimento preenchendo os olhos. Porque casas flutuam e nem tudo se explica, respondi.

Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link

Sem comentários:

Enviar um comentário

Toca a falar disso