Agradecemos à autora ILANA ELEÁ a disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 - Como se define enquanto autora e pessoa?
Por páginas de observação, escuta, sentimento
e impulso.
2 - O que a inspira?
O que está bem perto, possível de tocar; o
que desapareceu do horizonte; os dias passando em versos.
3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?
Em um primeiro momento me vejo liberta de
tabus mais evidentes, como os sexuais e religiosos. Não tenho religião e moro
na Suécia, um país inspirador para democracias, liberdades, sexualidades,
feminismo, questões de género: um alento. Entretanto, nesse país nórdico há uma
série do que podem ser chamados de tabus políticos, como o terror de ser
interpretado como conservador nas colocações públicas sobre questões de
imigração, abafando questões importantes vindas da boca do povo para debaixo
dos tapetes - o que infelizmente, em sintonia com a onda de fake news, pode ter contribuído para a ascensão de
partido de extrema-direita nas intenções de voto, também debaixo dos panos; cresce
o debate acirrado sobre a reinvindicação pelo “lugar da fala”,
“representatividade” e “politicamente e
ambientalmente correto” na literatura, o que muitos consideram a morte da
literatura e sua liberdade e outros, uma necessidade vital, irrevogável. Considero
este, então, o novo tabu para escritores, ou um dos desafios e temas para se
pensar, em conjunto, sobre qual o papel e limites dos escritores na
contemporaneidade.
4 - Que importância dá às antologias e
colectâneas?
Gosto delas como conceito e diversidade. Em
sueco, uma criteriosa antologia com autores brasileiros, publicada pela editora
Tranan, tem sido minha escolha há anos para presentear amigos. Imagine o
impacto em poder oferecer, em um único exemplar, trechos e contos com tantas
vozes de qualidade.
5 - Que impacto têm as redes sociais no seu
percurso?
Imenso. A forca da rede Mulherio das Letras -
no Brasil e na Europa - , assim como a página Um poema nórdico ao dia, me
impulsionaram a mudar a rota de atuação, rumo a literatura e poesia, de maneira
íngreme e bonita.
6 - Quais os pontos positivos e negativos do
universo da escrita?
Deixo essa questão para a matemática. Para
mim, a escrita é fluxo e encontro.
7 - O que acredita ser essencial na
divulgação de um autor?
Entrevistas são interessantes; mas resenhas
críticas profissionais e comentários dos leitores ainda soam fundamentais.
8 - Quais os projectos para o futuro?
Sou pedagoga, com doutorado em Educação e
agora pretendo estudar Literatura, recomeçar nos grupos universitários como
curiosa aluna, movida por poesia. Meu livro infantil, Caramela, está sendo
ilustrado pela talentosa artista Martha Werneck, procuraremos editoras em
breve. Uma publicação artesanal para meu
livro de poesias seria devaneio. A continuação de Encontros de neve e sol está
sendo escrita. E ah! A biblioteca infantil no jardim ficaria linda se plantada
em outras varandas e casas.
9 - Sugira um autor e um livro!
Só para ficar com quatro maravilhas atuais
escritas por jovens poetas brasileiras vivas digo: O peso do pássaro morto, da
Aline Bei; Quando o céu cair, da Danielle Magalhaes; 16 poemas + 1, da
Francesca Cricelli; O livro das semelhanças, da Ana Martins Marques.
10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe
fizessem? E como responderia?
Porquê a poesia? Me perguntariam. E para
responder, me deitaria em versos, com a síntese do sentimento preenchendo os
olhos. Porque casas flutuam e nem tudo se explica, respondi.
Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link
Sem comentários:
Enviar um comentário
Toca a falar disso