1 - Como se
define enquanto autora e pessoa?
Como
um barco à vela que se deixa levar pelo oceano da fantasia, ora à deriva, ora
com leme direcionado para terras longínquas a serem descobertas dentro e fora
de mim.
2
- O que a inspira?
Alguma
experiência significativa, que pode ser desde a leitura de um romance, de algum
filósofo, passando por m paixão (correspondida ou não!), à observação da
simplicidade presente na brincadeira de uma criança. Em realidade, acho que é um
instante intenso sentido em algum acontecimento que pode tornar aquele momento
uma eternidade, o que é suficiente para querer buscar palavras inspiradoras
para outrem.
3
- Existem tabus na sua escrita? Porquê?
Acho
que sim. Estaria mentindo se dissesse que não. Existem limites, talvez por
ignorar em alguns momentos a potência humana, para o bem e para o mal. Mas vejo
positivamente esses limites, porque eles transformam-se em desafios, aqueles
desalinhos necessários para investigar a potência da língua em que se escreve e
da experiência humana. Isso ajuda a viver e fazer literatura. É “lutar com as
palavras”, uma “luta vã”, como queria o poeta Carlos Drummond de Andrade.
4
- Que importância dá às antologias e colectâneas?
Como
professora, acredito que tenham uma função de democratização do acesso à literatura,
naquele sentido que o professor Antonio Cândido tão bem provocou: o direto à
literatura; algo de fundamental importância para a formação humana. Como
escritora, mulher, ”parda” como me registraram em meu país (Br),de família
simples sem tradição intelectual,proletária da educação,penso que as antologias
são uma oportunidade de compartilhar um “espaço”,o do livro,com outros poetas e
escritores,também uma chance de ler e ser lida em meio ao mercado editorial tão
irregular e indisciplinado como está o atual,já que passa por uma mudança
relevante com o advento da cibercultura e suas redes sociais,com escritores se
autopublicando aos montes a cada dia,assim como com a abertura autorias
compartilhadas como a literatura digital/eletrônica tem provocado.Por outro
lado, penso que para a crítica literária e cultural,as antologias são um
desafio porque os motivos que as tem organizado não seguem mais necessariamente
os princípios que as regiam em séculos passado.
5
- Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?
Todos.
Como escritora, mantenho um “MEMORIAL DIALÓGICX” na rede social FACEBOOK, sob
um pseudônimo: capitu nascimento.Mas já fui blogueira também.Tenho a
oportunidade de entrar em contato com muitos escritores e pesquisadores,através
das redes sociais,mas sem deixar isso tomar meu tempo de leitura.Como
pesquisadora,intrigam-me as associações,alguns princípios em voga em prol ou
não da literatura,tais como as comunidades de leitores.Por outro lado,fico
perplexa e vejo com certo receio a dificuldade para lidar com a convivência
virtual e presencial. Como professora,sou fã dos youtuber por um lado,daqueles
que são despojados na forma de resenhar livros e apresentar suas leituras.São
jovens, em sua maioria,bastante desenvoltos e conscientes quanto à importância
da leitura de fôlego para a formação de um pensamento crítico.E como cidadã,que
inclui tudo isso e mais alguma realidade,me sinto desafiada a tolerar mais do
que imaginaria e menos do que gostaria.Ainda tenho vontade de arriscar mais em
termos de recursos tecnológicos que algumas redes sociais
oferecem,principalmente, no que diz respeito ao uso de imagens e de sons em
movimento,associados à palavra.Eu frequento as redes sociais,poucas e
pouco,porém a cada dia mais restrita aos meus interesses profissionais,porque
na medida do possível,ainda prefiro preservar minha relações com os laços de
intimidade.
6
- Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?
Um
ponto negativo da escrita é a escrita; um ponto positivo da escrita é a escrita.
Podem parecer tautológicas ou vazias tais considerações, mas é que de
fato,lidar com a escrita num mundo em que ela já não é a protagonista,como o
foi no século XIX,isto é,como todos os clássicos universais que formaram alguns
que decidiram escrever é algo “negativo”,desafiador,eu diria.Ao lado disso,ou
por isso mesmo,a escrita(literária) está num momento em que é fascinante
relacioná-la tão intensamente com outras linguagens,com efeitos de
acoplagem,subtração,superposição,etc.Enfim,no nosso tempo,nesse tempo em que
estamos,continua sendo instigante a escrita e por que negativo e positivo
faz-nos sentir o que está vivo em nós,quer pela memória,quer pela imediatez que
o mundo digital proporciona em termos de criação e recepção.Agora pensando
mais,acho que o negativo é o autor e o positivo é o leitor,sem que estes
estejam em personas diferentes obrigatoriamente.
7
- O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?
Primeiro
que seja lido por quem vai divulgá-lo. Isso tem sido um pouco difícil, dado o
volume de publicações com o qual os editores e divulgadores costumam lidar. Ser
lido criticamente, de maneira que se conheça a potencialidade daquela
literatura a ser veiculada, o que é uma maneira de estar pronto para as
oportunidades que podem surgir, independentemente dos meios e espaços já
estabelecidos para essa atividade de divulgação. Ou, ouvir, ler, quem já leu o
autor e é fonte confiável, e quando digo confiável, penso no leitor ou crítico
que não se deixa tomar por grupos e guetos literários (as patotas). Há outros
aspectos mais práticos que tocam a questão do divulgador, como ser bem relacionado,
conhecer os canais acessíveis e que dão visibilidade a autores (as), no
entanto, penso que gostar do que faz ter curiosidade pela experiência humana e
interessar-se por literatura é o que pode resultar em êxito para a atividade de
divulgação. Posso estar sendo um pouco idealista e fora da realidade, já que o
estado de crise em que permanentemente nos encontramos nesse campo editorial e
literário não dá muitas escolhas para os profissionais do ramo. Talvez. Mas
prefiro pensar na divulgação como algo orgânico nas relações voltadas para a
circulação da literatura.
8
- Quais os projectos para o futuro?
Isso
é curioso. Pensar nisso é curioso, porque tenho a impressão de estarmos vivendo
um estado de coisas em que somos exigidos a pensar em futuros (possíveis e
impossíveis) e não mais num futuro. Lidamos com temporalidades tão diversas em
nosso cotidiano que o futuro parece, por vezes,ter sua medida encurtada e já se
anunciar como o agora;de outra feita,apresenta-se tão distante e inexequível a
nós que se confunde com sonho ou utopia.Se posso falar em projetos,quero poder
continuar a escrever e a publicar,experimentando textualidades que ainda não
pude ou não quis.Mas há um romance para sair,o que é algo mais concreto em
relação à escrita.Ah! Quero também poder conhecer e estar mais com pessoas que
gostam de estar com as outras, para falar sobre poesia, ler poesias, enfim...
9
- Sugira um autor e um livro!
Nossa!
Que questão difícil!Vou me arriscar a dizer uma mulher porque também é
importante militar e viver a sororidade como ação afirmativa do momento: “Outros
jeitos de usar a boca”, Rupe Kaur; (e desobediente que sou, não vou perder a
oportunidade) A hora da estrela,Clarice Lispector.
10
- Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
Você
viveria numa ilha deserta? O que faria nela? Sim. Sim! Como o mestre José Saramago
adoraria viver numa Lanzarote como ele o fez. Mas gostaria de ter um parceiro
como o escritor português conquistou e uma boa e rápida internet, claro. E
levaria os livros, os bichos e os notebooks, para escrever e convidar amigos, vez
por outra, e fazer um sarau regado a vinho.
Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link
Muito legal!!!
ResponderEliminarObrigada,maninho,pela leitura!bjs.
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