No passado
Sábado, em mais um evento In-Finita, no Palácio Baldaya, entre várias temáticas
abordadas pelo autor convidado, João Dordio, e o público presente, houve uma
que gerou discussão mais alargada, ou dito de outra forma mais assertiva,
causou um princípio de debate que talvez mereça, por si só, ser tema de um
futuro evento.
Em determinada
altura, e na sequência do que entretanto se falara, surgiu a questão: para que
serve a literatura nos dias de hoje e como se definem e enquadram os autores
contemporâneos no uso e/ou defesa das correntes literárias? Esta questão, por
ser interessante e até pertinente, apanhou praticamente todos de surpresa e
notou-se em todas as intervenções um certo estado de dúvida que, tal como
exprimi na altura, talvez se deva ao facto de, nesta era de grande facilidade comunicacional,
mediatismo e individualismo, as pessoas não saberem explicar qual a corrente
literária em que mais se reveem nem conseguirem catalogar aquilo que produzem
artisticamente.
Apesar da
abordagem superficial feita, creio que a maioria aceita que esta indefinição se
deve, em grande medida, ao desuso da discussão destas temáticas. A generalidade
dos autores actuais simplesmente escreve sem se preocupar minimamente com
estilos ou correntes literárias. E porque vivemos num tempo em que se dá mais
importância ao “like” facebookiano do que ao verdadeiro debate de ideias, a
tendência maior é deixar morrer a discussão das formas e das ideias para dar
lugar ao “cada um por si” tão enraizado neste nosso mundo de individualismo
exacerbado.
Para mim o mais
relevante nesta conversa foi a ambiguidade de estarmos a discutir a falta de
discussão sobre as tendências e correntes literárias. Foi curioso perceber que
as pessoas demonstram interesse em debater algumas questões e quase assumem que
simplesmente nunca o fazem porque mais ninguém o faz hoje em dia.
Afinal, e como
conclusão minha, os autores contemporâneos não debatem, não discutem, não trocam
impressões nem se assumem defensores ou contrários a esta, ou aquela, corrente
literária, porque ninguém fala nem se interessa por essas temáticas, como se
fosse um assunto “démodé”. Em contraponto, fiquei com a certeza que, pelo menos
os presentes no evento de Sábado, não se importariam de falar mais sobre esta
matéria, mais não fosse para conseguirem, finalmente, identificar-se com qualquer
que seja a corrente literária.
MANU DIXIT
Excelente resumo do que se passou. Claro, objectivo e assertivo. Temos (todos) de começar a sair da nossa zona de auto-suficiência, para uma relação mais elevada e coletiva. Obrigado ao Emanuel Lomelino pela oportunidade em interagir e criar (se possível algo novo que possa ser marcante e definidor de um tempo, um espaço e uma época)Carlos Arinto (apenas consigo comentar como anónimo, por isso me identifico)
ResponderEliminarGrato pelas palavras e interacção...
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