domingo, 1 de outubro de 2017

FALA AÍ BRASIL... TACIANA VALENÇA


ele não se encontra

Não pensem que o título é sobre alguém que está precisando urgente de um analista, psicólogo, terapeuta ou o que quer que seja para ajudá-lo a se encontrar (ou se preferir, encontrar a si mesmo).

Especificamente em um período do mês essa expressão me dá arrepios.

- Dr. Fulano está?

- Não, infelizmente ele não se encontra.

Esqueço. Esqueço totalmente o que queria falar com Dr. Fulano e imediatamente imagino-o como um cachorro que fica rodando tentando pegar o rabo. Bem, deve ser assim que ele procura se encontrar.

Radical?

Talvez.

Quem sabe, novamente, minha pouca tolerância se vê aflorada quando pressionada por expressões que me incomodam?

Pode ser.

Posso estar errada sim.

É. Devo ser eu a errada porque cada dia mais as pessoas dão a mesma resposta. Antipática, diga-se de passagem. Repetitiva e antipática, além, claro, de frustrante, porque se você liga para Dr. Fulano é porque tem algo para lhe dizer.

Outra coisa que penso é o que escrevi nas primeiras linhas. O Dr. Fulano deve ter ido ao seu analista, pois precisa urgentemente "se encontrar", caso contrário não estará plenamente apto a dirigir uma empresa. É, faz sentido ele estar "se encontrando". Bom pra ele, pior pra mim que além de não encontrá-lo tive que engolir o "não se encontra".

Não seria mais fácil dizer simplesmente:

- Ele não está.

- Ele saiu e deve voltar às 18:00h?

Mas, se por ventura ela completasse:

- Ele não se encontra, mas não se preocupe, quando chegar eu estarei dando o recado, ok?

Bem, a não ser um caso de extrema necessidade, eu não ligaria mais para Dr. Fulano, sob risco de desligar o telefone antes da senhorita terminar sua fala.

Já disse, posso estar errada, mas não me critiquem porque não vou ler os comentários, infelizmente "estarei indo dormir" em alguns minutos.

2 comentários:

  1. Aos que têm olhos para lerem, ouvidos para ouvir, quando de voz alta. Belo Texto, Escritora e Poeta.

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Toca a falar disso