segunda-feira, 2 de outubro de 2017

EU FALO DE ... SEMI-INDIFERENÇA


Da mesma forma que há muitas situações, no universo da escrita, que me incomodam, também existem aquelas às quais devoto total e completa indiferença. Bem... se calhar não tanta indiferença assim, mas lá chegarei!

Uma das situações que não me fere, minimamente, os sentidos, é a forma de apelidar quem lê poesia. Para mim é, de todo, irrelevante se lhes chamam aclamadores, clamadores, declamadores, dizedores...

Outra questão que não me merece muitas considerações é a variação entre poeta e poetisa. Também neste caso não demonstro nenhuma preferência por qualquer um dos termos em detrimento do outro. Não tenho problema algum na utilização tanto da forma que identifica género, como na forma que indica categoria.

No entanto, tal como mencionei no primeiro parágrafo, se calhar não sou tão indiferente assim em ambos os casos acima descritos.

No primeiro caso, o que me choca é existir quem seja chamado, ou se intitule, qualquer desses epítetos quando se engasga mais do que fala, na hora de dizer poesia. Da mesma forma que incomoda o auto-vedetismo de alguns ao apelidarem-se "diseurs"... Se não existissem equivalências, na língua portuguesa, ainda deixava passar em claro, mas assim...

No segundo caso, o que me choca é usar-se qualquer um dos termos (poeta ou poetisa), a torto e a direito, na maioria das vezes sem merecimento da intitulada. E também fico com sintomas de tremenda alergia quando sou confrontado com o desconhecimento ou desleixo em se confundir um substantivo (poetisa) com a forma verbal (poetiza).

Bem vistas as contas, e perante tudo o que acabei de escrever, eu devia ter iniciado o texto deste modo:

Da mesma forma que há muitas situações, no universo da escrita, que me incomodam, também existem aquelas às quais devoto total e completa semi-indiferença.

Mas agora é tarde e não gosto de voltar atrás.

MANU DIXIT

2 comentários:

  1. E porquê voltar atrás? As coisas têm mais ou menos importância, conforme damos mais ou menos relevância. Por isso, brindemos à semi-indiferença, certos que o "semi", está a mais. Excelente.

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