terça-feira, 10 de outubro de 2017

EU FALO DE... EPISÓDIOS QUE ME ENCHEM O EGO


Estando eu a atravessar uma fase de intenso envolvimento em múltiplas actividades ligadas ao universo da escrita, seja com a elaboração de alguns projectos (pessoais e colectivos) ou com a participação, sob convite, em palestras e painéis de opinião, sinto que começa a faltar tempo para dar o mesmo grau de visibilidade, à minha produção criativa, que tenho dado à divulgação de outros autores.

No entanto, como sempre tenho apregoado, apesar da descrença de muitos, a satisfação de obra realizada, independentemente de ser em proveito próprio ou em benefício de terceiros, é a mesma.

Como muitos sabem (tantas as vezes que falo nisto) o meu ego alimenta-se destes momentos de realização pessoal. Sei que a maioria (para não dizer: a quase totalidade) não consegue entender esta minha afirmação porque, por norma, o uso do ego é feito de forma levianamente auto-centrada e egoísta.

Diferente como sou (faço questão de manter esta diferença), tenho-me servido deste meu ego em prol do todo e de todos (principalmente os menos mesquinhos) e cada sucesso de outros autores sinto-o como meu também. E nem preciso apropriar-me de forma indevida como outros fazem...

E trago de novo o meu ego à baila pela simples razão de querer falar um pouco sobre o meu conceito de qualidade. Esta associação de ideias pode parecer confusa mas tentarei, dentro das minhas capacidades discursivas, ser claro e esclarecedor.

Sempre tenho afirmado que o conceito de qualidade é demasiado lato e tão cheio de variantes e variáveis que torna-se difícil chegar a uma definição consensual e abrangente. Mas também tenho afirmado que, por esta mesma razão, cada um de nós elabora dentro de si, segundo as suas preferências e gostos, o ideal de qualidade. Assim sendo, também eu criei o meu e uso-o amiúde nos projectos em que me envolvo.

Foi precisamente com base nesse meu critério que parti para a elaboração do projecto Colecção Status Quo. Cada um dos sete autores que convidei tem as características que se encaixam no perfil qualitativo que é o meu.

E é precisamente aqui que aparece o meu ego. Não só pelo facto de ter concluído o projecto com nota satisfatória (tanto na opinião da editora como dos autores) mas também pelo que adiante relatarei.

Muitos podem não concordar com os meus critérios de escolha para esta colecção, e podem também discordar da minha avaliação sobre a qualidade da escrita de cada um dos autores participantes, mas a verdade é que, no momento em que alguém, com o prestigio e mediatismo de Alice Vieira, se interessa por um dos livros da colecção e pede para ser a apresentadora da obra (O QUE A MINHA CANETA ESCREVEU de MANUEL MACHADO), eu não posso deixar de sentir que, afinal de contas e por óbvias razões, o meu conceito de qualidade não deve estar assim tão errado.


Alice Vieira, Manuel Machado, Emanuel Lomelino
lançamento do livro de Manuel Machado 
O QUE A MINHA CANETA ESCREVEU - COLECÇÃO STATUS QUO

Por outro lado, o meu ego também se alimenta dos convites, cada vez mais frequentes, que tenho vindo a receber para falar dos meus conceitos. E, sem qualquer tentativa de demonstrar modéstia, como posso evitar ter o ego inchado quando me convidam para falar o que penso junto de consagrados como Isabel Stilwell e Jaime Rocha?

São episódios como estes que alimentam o meu ego e obrigam-me a continuar no rumo que acredito ser o ideal, prosseguindo deste modo o caminho que acho ser o mais adequado. E assim há-de continuar a ser porque a cada projecto que concluo, o ego fica mais cheio. E assim há-de continuar a ser, mesmo que isso me consuma demasiado tempo e energias em prejuízo das minhas próprias criações.


MANU DIXIT

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