Estando eu a atravessar uma fase de intenso
envolvimento em múltiplas actividades ligadas ao universo da escrita, seja com
a elaboração de alguns projectos (pessoais e colectivos) ou com a participação,
sob convite, em palestras e painéis de opinião, sinto que começa a faltar tempo
para dar o mesmo grau de visibilidade, à minha produção criativa, que tenho
dado à divulgação de outros autores.
No entanto, como sempre tenho apregoado, apesar da
descrença de muitos, a satisfação de obra realizada, independentemente de ser
em proveito próprio ou em benefício de terceiros, é a mesma.
Como muitos sabem (tantas as vezes que falo nisto) o
meu ego alimenta-se destes momentos de realização pessoal. Sei que a maioria
(para não dizer: a quase totalidade) não consegue entender esta minha afirmação
porque, por norma, o uso do ego é feito de forma levianamente auto-centrada e
egoísta.
Diferente como sou (faço questão de manter esta
diferença), tenho-me servido deste meu ego em prol do todo e de todos
(principalmente os menos mesquinhos) e cada sucesso de outros autores sinto-o
como meu também. E nem preciso apropriar-me de forma indevida como outros fazem...
E trago de novo o meu ego à baila pela simples razão
de querer falar um pouco sobre o meu conceito de qualidade. Esta associação de
ideias pode parecer confusa mas tentarei, dentro das minhas capacidades
discursivas, ser claro e esclarecedor.
Sempre tenho afirmado que o conceito de qualidade é
demasiado lato e tão cheio de variantes e variáveis que torna-se difícil chegar
a uma definição consensual e abrangente. Mas também tenho afirmado que, por
esta mesma razão, cada um de nós elabora dentro de si, segundo as suas
preferências e gostos, o ideal de qualidade. Assim sendo, também eu criei o meu
e uso-o amiúde nos projectos em que me envolvo.
Foi precisamente com base nesse meu critério que parti
para a elaboração do projecto Colecção Status Quo. Cada um dos sete autores que
convidei tem as características que se encaixam no perfil qualitativo que é o
meu.
E é precisamente aqui que aparece o meu ego. Não só
pelo facto de ter concluído o projecto com nota satisfatória (tanto na opinião
da editora como dos autores) mas também pelo que adiante relatarei.
Muitos podem não concordar com os meus critérios de
escolha para esta colecção, e podem também discordar da minha avaliação sobre a
qualidade da escrita de cada um dos autores participantes, mas a verdade é que,
no momento em que alguém, com o prestigio e mediatismo de Alice Vieira, se
interessa por um dos livros da colecção e pede para ser a apresentadora da obra
(O QUE A MINHA CANETA ESCREVEU de MANUEL MACHADO), eu não posso deixar de
sentir que, afinal de contas e por óbvias razões, o meu conceito de qualidade
não deve estar assim tão errado.
Alice Vieira, Manuel Machado, Emanuel Lomelino
lançamento do livro de Manuel Machado
O QUE A MINHA CANETA ESCREVEU - COLECÇÃO STATUS QUO
O QUE A MINHA CANETA ESCREVEU - COLECÇÃO STATUS QUO
Por outro lado, o meu ego também se alimenta dos
convites, cada vez mais frequentes, que tenho vindo a receber para falar dos
meus conceitos. E, sem qualquer tentativa de demonstrar modéstia, como posso
evitar ter o ego inchado quando me convidam para falar o que penso junto de
consagrados como Isabel Stilwell e Jaime Rocha?
São episódios como estes que alimentam o meu ego e
obrigam-me a continuar no rumo que acredito ser o ideal, prosseguindo deste
modo o caminho que acho ser o mais adequado. E assim há-de continuar a ser
porque a cada projecto que concluo, o ego fica mais cheio. E assim há-de
continuar a ser, mesmo que isso me consuma demasiado tempo e energias em prejuízo
das minhas próprias criações.
MANU DIXIT
Sem comentários:
Enviar um comentário
Toca a falar disso