O lançamento do livro De Gaveta em Gaveta, da autora Carla De Sà Morais, na Casa de Angola, foi o
primeiro evento com o apoio da In-Finita em Lisboa, e despertou algumas
considerações que com o mesmo carinho em que a nossa equipe foi recebida, achei
pertinente comentar publicamente. Um momento especial tão diferente e ao mesmo
tempo em total consonância com duas pessoas que não se conheciam pessoalmente e
no qual estavam vivenciando no mesmo espaço emoções bem aproximadas.
O meu sentimento de
estar em terras lusas, em um espaço que não conhecia e com alguns pequenos, mas
significantes, detalhes que lembravam-me outros eventos no Brasil, e tornavam-me
parte integrante do cenário devido a facilidade em adaptar-me e da minha mobilidade
e experiência como produtora, na qual sempre me senti muito à vontade,
despertou uma sensação de estranhamento e atenta como leitora e participante do
evento, ao mesmo tempo, tudo parecia-me bem familiar. Estar e não fazer parte
de… Sempre foi uma das questões que circulava em minha mente e que era um dos
meus pontos de recuo nos momentos de decidir mudar de país. Como seria conviver
com a ideia de ser estrangeira, na pátria escolhida por mim.
Em certa altura a
emoção da autora, por também estar fora de sua pátria, realizada com a obra e
sentindo-se feliz pelo momento tão significativo em sua carreira, me fez sentir
um pouco cúmplice e bem próxima daquele sentimento também partilhado por mim. E
a certeza da escolha certa, acalentou e fez desaparecer possíveis inseguranças.
A percepção da inexistência de
fronteiras quando o assunto é sentimento e poesia, e que todos nós, fora de
nossos ambientes, se o nosso olhar for de universalidade, fazemos de qualquer
espaço ou momento um cantinho mesmo que solitário ou silencioso, um lugar de
acolhimento.
E é com a lembrança
desse instante que agradeço o carinho da Autora, que sem perceber, nos abraçou
com o que há de mais precioso na arte dos encontros: a disponibilidade de
partilhar emoções.
DRIKKA INQUIT
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