segunda-feira, 9 de outubro de 2017

FALA AÍ BRASIL... TACIANA VALENÇA - VII

QUEM NÃO LEMBRA?

Li um artigo na semana passada, de um jornalista, que me fez viajar aos chamados "bons tempos". Tenho certeza que alguns de vocês vivenciaram algo parecido...

Bem, não era exatamente missa, mas aos domingos era sagrado. O nome hoje soa cafona e revela os anos que sutilmente passaram na calada da vida, mas na época era "IN":

ENCONTRO DE BROTOS.

Não me importo se dessa forma revelo minha idade, mas sabe do que mais? Orgulho-me dela. A semana parecia passar lentamente até que o outro domingo chegasse. Aliás, os dias eram mais longos, havia tempo pra tudo: estudar, fazer esportes, brincar, paquerar e, pasmem, ainda assim tínhamos tempo pra conversar com os pais e pensar. Pois é, mas voltando aos domingos... O dia esperado onde os jovens se encontravam no clube para dançar, conversar e... paquerar.

Lembro que as amigas iam pra minha casa de onde saía a "lotação" (o carro da minha mãe). O carro ia cheio de adolescentes vivas e conversadeiras.

Enfim, saltávamos do carro ouvindo o mesmo de sempre:
- Pego vocês às nove em ponto. Pôxa, precisava lembrar todas as vezes?

UFA, enfim, no clube outra vez.

Conversa vai, conversa vem, olhares cruzados, de olho em alguém...

Como um ímã, os olhares se atraíam até que o escolhido chamava pra dançar.

Quando lembro da "resenha" que era, dá vontade de rir.

Primeiro as músicas mais agitadas... mas quando a paquera estava animada, o intuito era esperar a música "lenta". Eis que enfim, com cara de "bem, já que estamos aqui mesmo", o rapazinho sutilmente (pra não dizer extremamente sem jeito), enlaçava a cintura e começava a dança.

Na conversa fiada, se você desse "bobeira", sentia que o sujeito ousava apertar mais um pouco, talvez tentando acomodar-se (rs rs rs). Tinha um tal de "botar macaco" (nossa, essa foi do fundo do baú) que às vezes funcionava, apesar do braço sentir um pouco depois. Era a maneira de dizer: - Olha, tá indo longe demais...".

Bem, mas se o macaco esmorecia, propositalmente, claro, o ousado percebia o sinal verde. O bom mesmo era quando o "ousado" era aquele que você já estava de olho há vários domingos... tinha um gosto de "até que enfim..."

Após o digamos, relaxamento (sinal verde), começava a conversinha mole ao pé do ouvido, a pegadinha no cabelo e, no quase derradeiro grau da ousadia, o alisado nas costas...

Era um verdadeiro ritual de sedução. Até chegar ao beijo, era uma luta (rs rs rs). Mas era o auge da conquista. Geralmente o assunto da volta pra casa (baixinho, claro). Os adolescentes de hoje não sabem o que é isso, não conheceram esse jogo (talvez até várias batalhas) da conquista, da sedução. Nossa, curtir os olhares, as conversas bobas ao pé do ouvido na tentativa de uma aproximação, era muito gostoso. Definitivamente não trocaria minha adolescência pela de hoje. Beijam-se todos, a transa é algo que acontece fácil, na maioria das vezes sem comprometimento algum, não há um jogo, uma dificuldade que gere ansiedade, um acelero no coração.

Enfim, sem falsos moralismos nem caretice, minha época foi melhor.


1 comentário:

Toca a falar disso