QUEM
NÃO LEMBRA?
Li um
artigo na semana passada, de um jornalista, que
me fez viajar aos chamados "bons tempos". Tenho certeza
que alguns de vocês vivenciaram algo parecido...
Bem,
não era exatamente missa, mas aos domingos era sagrado.
O nome hoje soa cafona e revela os anos que sutilmente passaram na calada da vida, mas na época era
"IN":
ENCONTRO
DE BROTOS.
Não
me importo se dessa forma revelo minha idade, mas sabe do que mais? Orgulho-me
dela. A semana parecia passar lentamente até que o outro domingo
chegasse. Aliás, os dias eram mais longos, havia tempo pra tudo: estudar, fazer
esportes, brincar, paquerar e, pasmem, ainda assim tínhamos tempo
pra conversar com os pais e pensar. Pois é, mas voltando aos domingos... O dia
esperado onde os jovens se encontravam no clube para dançar, conversar
e... paquerar.
Lembro
que as amigas iam pra minha casa de onde saía a "lotação" (o carro da
minha mãe). O carro ia cheio de adolescentes vivas e conversadeiras.
Enfim,
saltávamos do carro ouvindo o mesmo de sempre:
-
Pego vocês às nove em ponto. Pôxa, precisava lembrar todas as vezes?
UFA,
enfim, no clube outra vez.
Conversa
vai, conversa vem, olhares cruzados, de olho em alguém...
Como
um ímã, os olhares se atraíam até que o escolhido chamava pra dançar.
Quando
lembro da "resenha" que era, dá vontade de rir.
Primeiro
as músicas mais agitadas... mas quando a paquera estava animada, o intuito era
esperar a música "lenta". Eis que enfim, com cara de "bem, já
que estamos aqui mesmo", o rapazinho sutilmente (pra não dizer
extremamente sem jeito), enlaçava a cintura e começava a dança.
Na
conversa fiada, se você desse "bobeira", sentia que o sujeito ousava
apertar mais um pouco, talvez tentando acomodar-se (rs rs rs). Tinha um tal de
"botar macaco" (nossa, essa foi do fundo do baú) que às vezes
funcionava, apesar do braço sentir um pouco depois. Era a maneira de dizer: -
Olha, tá indo longe demais...".
Bem,
mas se o macaco esmorecia, propositalmente, claro, o ousado percebia o sinal
verde. O bom mesmo era quando o "ousado" era aquele que você já
estava de olho há vários domingos... tinha um gosto de "até que
enfim..."
Após
o digamos, relaxamento (sinal verde), começava a conversinha mole ao pé do
ouvido, a pegadinha no cabelo e, no quase derradeiro grau da ousadia, o alisado
nas costas...
Era
um verdadeiro ritual de sedução. Até chegar ao beijo, era uma luta (rs rs rs).
Mas era o auge da conquista. Geralmente o assunto da volta pra casa (baixinho,
claro). Os adolescentes de hoje não
sabem o que é isso, não conheceram
esse jogo (talvez até várias batalhas) da conquista, da sedução. Nossa, curtir
os olhares, as conversas bobas ao pé do ouvido na tentativa de uma
aproximação, era muito gostoso. Definitivamente não trocaria minha adolescência
pela de hoje. Beijam-se todos, a transa é algo que acontece fácil, na maioria
das vezes sem comprometimento algum, não há um jogo, uma dificuldade
que gere ansiedade, um acelero no coração.
Enfim,
sem falsos moralismos nem caretice, minha época foi melhor.
Uau! Bem assim mesmo... kkkkk. Adorei! Viajei...
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