sexta-feira, 6 de outubro de 2017

EU FALO DE... CICLOS


Alguns anos atrás, numa das primeiras apresentações que fiz livros de outros autores, falei que a vida é um ciclo (nascer, crescer, morrer) e que, ao longo do mesmo, outros, mais pequenos, vão aparecendo e completando-se porque também nascem, crescem e morrem.

Todos nós temos ciclos comuns, temos o ciclo académico: que nasce com o primeiro dia de aulas e termina aquando da formação (ou abandono escolar); temos os ciclos de amizades: uns que se prolongam no tempo e outros que, por variadíssimas razões, se perdem no mesmo tempo; temos os ciclos do trabalho: que correspondem ao período de tempo em que estamos numa empresa, e quando entramos noutra, outro ciclo se inicia; temos os ciclos afectivos... Enfim... a vida é composta de ciclos e mais ciclos, que se cruzam, complementam e substituem; nascem, crescem e morrem, porque nada é eterno, nem mesmo o ciclo da vida.

Neste abrir e fechar de ciclos incluo o do autor (ainda não terminou) que deu origem a outros menores que correspondem a cada um dos projectos que me envolvi - cada livro editado, cada antologia, corresponde a um ciclo.

E escrevo sobre os ciclos porque, tal como aconteceu no passado, quando encerrei o ciclo em que tinha de pagar para ver as minhas criações editadas, decidi encerrar o ciclo em que faço participações/colaborações gratuitas em projectos alheios. Até hoje sempre auxiliei, dentro das minhas capacidades e disponibilidade de tempo, emprestando todo o meu empenho, por paixão às causas e sem exigência de contrapartidas. Até agora, tudo o que recebi foi-me dado/oferecido sem que tivesse pedido algo em troca. Esse tempo/ciclo termina agora.

A paixão continua intacta mas, impulsionado por alguns convites recentes, sinto ter chegado a hora de substituir ciclos. A partir deste momento e dadas as circunstâncias actuais, deixarei de envolver-me gratuitamente no sucesso de projectos de terceiros. Continuarei a apoiar na divulgação, como sempre fiz, mas tudo o que me for pedido, para além disso, terá um preço.

Acho que chegou a hora de voltar a dar um murro na mesa, tal como fiz quando decidi deixar de pagar para editar e passar a exigir que me pagassem para o fazer. É tempo de voltar a deixar de lado o romantismo e começar a retirar algum proveito. Afinal de contas, profissionalismo não casa bem com gratuitidade e eu, tal como todos os humanos (seres biológicos), não vivo apenas do ar que respiro.


MANU DIXIT

4 comentários:

  1. Ui, caro Emanuel, maravilhosa crítica. A sério, senti cada palavra. Até a vivência dos "ciclos", tem de ser respeitada, assim como as respetivas decisões. Desejo-lhe o melhor,

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  2. Espero de alguma forma sempre fazer parte dos teus ciclos, pois a amizade que te tenho é eterna. Meus parabéns por este novo ciclo, mais do que ninguém que acompanha tua história, sei que mereces. Parabéns, Manu. Sucesso sempre. Abração gaúcho

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