sábado, 7 de outubro de 2017

FALA AÍ BRASIL... ADRIANA MAYRINCK

As horas fundiram-se ao tempo que começou a seguir o mesmo ritmo cadenciado. Já não havia um espaço entre o desejo e a realidade. Olhava para um Brasil que não mais permanecia na direção dos olhos e percebia-me integrada às paisagens lusas, antes mesmo do avião aterrizar.

O ar ainda quente de um verão a findar, o charme das ruas de Lisboa, o sotaque que tanto admiro todas as impressões no caminho, acarinharam-me a alma e a certeza de que por algum desvio geográfico cheguei quase 46 anos atrasada a minha morada, embora metade de mim, sempre guardará lembranças e sentimentos da Pátria Amada.

Não me sinto turista, nem imigrante, e muito menos estrangeira. Não há limitações e/ou definições para quem sou agora. Apenas eu, na totalidade do meu ser, ansiosa e sedente em adquirir o máximo de conhecimentos e dar continuidade a minha caminhada, agora, com passos ainda mais firmes, seguros e permanentes.

A certeza do caminho certo, no trabalho em criar pontes e espalhar sementes,desde 2010, sempre integrando a lusofonia e buscando elos de ligação entre Brasil e Portugal, sem deixar claro de olhar para a África ainda pouco explorada por mim.

O respirar lento e profundo, inspirando cada instante como quem quer reter, sorver e desfrutar o máximo dos segundos vividos, nessa terra acalentada, admirada e referência de tantas vivências, empurram-me para um novo tempo da minha história profissional e de vida, como se as fronteiras deixassem de existir e me torna definitivamente parte integrante desses dois mundos.

Talvez com algumas percepções e olhar admirado, entusiasmado ou curioso diante das diferenças, que são muitas, e que nesse momento deixo para outra oportunidade, mas nada que não seja facilmente adaptável, afinal, de onde vim, as influências sempre foram portuguesas, estivesse em Recife ou no Rio de Janeiro. Brasil e Portugal, cada qual com suas características e , sempre exerceram em mim forte influência e não percebo o limite onde começa um e acaba o outro, dentro do que me habituei a conviver, partilhar e observar.

O vento, o tempo, a vida, o destino me trouxeram em palavras o sentimento que no primeiro momento não consegui expressar tamanha a emoção e o arrepio na pele e na alma, ao estar, finalmente, onde eu precisava, queria e desejava chegar: “Bem-vinda à casa”, soaram como uma melodia que jamais se esquece, parando por instantes os segundos e o respirar, assim que dei meus primeiros passos nesse tão adorado Portugal, onde o Sol, me acarinhou com o abraço de um novo tempo, de raios iluminados anunciando um novo porvir.


DRIKKA INQUIT

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