Adriana
Mayrinck, por ela mesma.
Desnudo-me
nas palavras que deixo escorregar no papel quando escrevo poesia. Não sei onde
começa e termina a autora, a pessoa, a fantasia. Nas entrelinhas, marco a minha
passagem e não percebo quem é que se mostra com mais intensidade, o concreto, o
oculto ou o abstrato de mim mesma. Sei que sou eu, múltipla nas formas de me
expressar.
Sou poeta,
como Cecília Meirelles, denominava-se. Adotei a palavra, expressão máxima do
que se vai além do ser e é assim que me deixo traduzir.
E produtora cultural.
Caminho conduzido pela vida, ao abandonar o jornalismo, que nunca saiu de mim.
A palavra, a curiosidade, a necessidade de ouvir histórias e conhecer gente,
estão no sangue que circula, fervendo, por entre o olhar tranquilo e o sorriso
receptivo. E a fascinação pela arte. Principalmente a da escrita, na língua
portuguesa e seus infinitos sentidos e vocábulos.
Hoje, além
do espaço em que os amigos acostumaram-se a chegar, apresento-me para além das fronteiras e é por isso que
estou aqui. Coordenadora do FALA AÍ BRASIL e muito honrada e feliz com o
convite do Emanuel Lomelino, no qual sem bajulações, tenho imensa admiração
pela retidão de caráter e habilidade em expor com autenticidade suas opiniões,
sigo na mesma linha, fiel aos meus princípios. E enriquecida a cada dia com os
autores que se chegam, nesse universo tão imenso e rico de talentos e expressões,
com contos, crônicas e divulgação de seus livros e entrevistas, comecei a olhar
para o meu lado de fora. Na poesia, renasço a cada linha e como autora, com
livro recém publicado tenho ressalvas a fazer sobre o trabalho da editora, que
percebo ser generalizado e guardo para outro momento.
Como
produtora cultural, divulgadora e fundadora da In-Finita, não tenho como
transcender palavras e torna-las mais fluídicas. É o meu lado mais concreto,
racional, objetivo que se revela. Embora sempre, sutilmente, com um toque de
arte. E é esse lado tão prazeroso quanto amargo na profissão, que experimento
nesses 27 anos de caminhada que mais me gratifica e mais me sacrifica. O tempo
que me consome pelas madrugadas sem dormir a cada evento, a falta de atenção
aos amigos, família e a filha, que com sabedoria, a vida a colocou com o
talento e vocação para me completar e acompanhar, nessa rotina de produção e
trabalho. Juntas, trilhamos com nossas exigências de perfeição, esse caminhar
por entre flores e espinhos que é o de realizar, produzir, promover, divulgar e
conduzir, todos os trabalhos que chegam até nós. Excelência é a palavra de
ordem, o desejo de quem nos contrata, sempre em primeiro lugar, e nenhum
detalhe pode fugir do que nos propomos. Transpiração e inspiração misturam-se
por entre os sorrisos da realização e a sensação de decepção, nos espinhos fincados,
vez ou outra. A designer e fotógrafa, fica por trás da tela, da lente, de uma
maneira ou de outra, protegida, como faço com a minha sócia. Protejo-a, mas
nunca fica isenta totalmente, pois também é assistente de produção, aprendendo
desde cedo, a conhecer o lado menos iluminado de algumas pessoas e da
incompetência generalizada. Sigo representando a empresa, matando leões,
acariciando corsas e caçando raposas. Os leões são fáceis, atacam e aprendemos
a nos defender. As corsas, são o que nos incentivam a seguir e a ser cada vez
melhor e as raposas, ah... Essas ficam a espreita, escondidas, circulando e
esperando a melhor hora de se revelar.
Com a
transparência que me é peculiar, deixo apenas o meu registro atento, as vaidades
que em nome da arte usufrui sem limites as boas intenções e o talento alheio,
para se promover, ou pior, copiar.
Os meus anos
de noites insones e trabalho árduo, levaram –me a ter uma empresa referência em
competência e profissionalismo. Nunca foi e não é fácil. Nosso meio denominado
cultural e artístico, tem mais gato por lebre do que se possa imaginar, desconhecem
o caminho construído pedra sob pedra até ser o que se é hoje, com arranhões e
espinhos, e invadem o mercado, ludibriando clientes e apresentando trabalhos de
má qualidade.
E como aqui
é um espaço também de opinião, hoje no FALA AÍ BRASIL... mostro-me como sou: profissional
e gentil, mas também crítica e indignada pela incompetência alheia reverenciada
nas redes sociais. Não há planejamento, estudo, experiência. Hoje todos se auto
intitulam produtores culturais e jogam lixo no mercado.
Aprendi a fazer
a minha parte, realizar, observar e calar, porque o meu trabalho é real e
concreto, mas como formadora de opinião, sinto-me na obrigação de pontuar essas
situações prejudiciais ao universo literário e cultural, pois ganham adeptos e
curtidores, e o pior, cativam clientes
que desatentos, não percebem e incentivam a má qualidade das realizações seja
em que segmento for, eventos, cultural ou literário.
A superação das expectativas, surpreender,
cativar, agregar, promover o outro, e manter-me fiel ao que desejei, é a
compensação desse gosto meio amargo que fica, quando os oportunistas de plantão,
seguem, como provedores culturais, ludibriando os desavisados, e espalhando
lixo cultural.
O
gratificante é o carinho daqueles que nos prestigiam e acreditam em nosso
trabalho. E é só por isso que vale a pena, sempre... prosseguir.
DRIKKA INQUIT
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