Volta e meia surge alguém que, doutorado sabe-se lá em
quê e com legitimidade outorgada vai-se lá saber por quem, decide semear
comentários, por diversos espaços, em diferentes textos de distintos autores,
como se tratasse de algum erudito supremo a quem todos deveriam prestar atenção
e seguir como estando na presença de um qualquer Messias da era digital, pela
sua visão inabalável e correcta sobre o que é ou deve ser a poesia.
Só que estes iluminados, da razão e do único saber,
não se apercebem que, se mais razões não existissem, o direito que lhes permite
vomitar opiniões a torto e a direito, é o mesmo que valida o que cada um
escreve e como escreve: o direito à livre expressão.
Mas existem mais razões e é nessas que quero basear
esta minha dissertação.
Uma das belezas maiores da poesia é a multiplicidade
de estilos, conceitos e sensibilidades, que permite aos criadores. Já o disse
diversas vezes e, até prova em contrário, manterei esta minha ideia, não existe
nada mais democrático que a poesia. Ela não olha faixas etárias, géneros nem
estratos sociais, ela não se importa com crenças ou falta delas, ela não
distingue entre ricos e pobres nem entre brancos, negros ou amarelos, ela nem
sabe o que são nacionalidades ou regionalismos. Ela é apenas poesia, não tem
rosto, somente formas. E as formas da poesia não são ditadas pelas tendências
ou modas. As formas da poesia são ditadas pela sensibilidade de cada um.
E por falar em tendências e modas, muito ao gosto dos
tais iluminados que deram origem a este texto, em nome de quem se pode dizer
que a rima já não é poesia? Com que legitimidade se apregoa que o amor é uma
temática morta na poesia? Quem delibera isso? Os intelectuais que só regurgitam
postas de pescada, a coberto do anonimato, pela internet fora? Os mesmos
imbecis, ou primos desses, que querem empobrecer culturalmente os povos?
Como disse, a poesia não é elitista... é universal. A
poesia não quer saber se é escrita por académicos ou pelo mais humilde rimador
popular. A poesia não quer saber se quem a escreve faz amor até ver estrelas ou
se somente faz amor depois de ver espectros pelo pó inalado. A poesia não que
saber de modas nem tendências. A poesia é, por si só, uma tendência e,
independentemente do estilo, da forma, do conceito, da sensibilidade, seja do
que for, nunca estará fora de moda.
MANU DIXIT
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