segunda-feira, 4 de setembro de 2017

EU FALO DE... MODAS E TENDÊNCIAS

Volta e meia surge alguém que, doutorado sabe-se lá em quê e com legitimidade outorgada vai-se lá saber por quem, decide semear comentários, por diversos espaços, em diferentes textos de distintos autores, como se tratasse de algum erudito supremo a quem todos deveriam prestar atenção e seguir como estando na presença de um qualquer Messias da era digital, pela sua visão inabalável e correcta sobre o que é ou deve ser a poesia.

Só que estes iluminados, da razão e do único saber, não se apercebem que, se mais razões não existissem, o direito que lhes permite vomitar opiniões a torto e a direito, é o mesmo que valida o que cada um escreve e como escreve: o direito à livre expressão.

Mas existem mais razões e é nessas que quero basear esta minha dissertação.

Uma das belezas maiores da poesia é a multiplicidade de estilos, conceitos e sensibilidades, que permite aos criadores. Já o disse diversas vezes e, até prova em contrário, manterei esta minha ideia, não existe nada mais democrático que a poesia. Ela não olha faixas etárias, géneros nem estratos sociais, ela não se importa com crenças ou falta delas, ela não distingue entre ricos e pobres nem entre brancos, negros ou amarelos, ela nem sabe o que são nacionalidades ou regionalismos. Ela é apenas poesia, não tem rosto, somente formas. E as formas da poesia não são ditadas pelas tendências ou modas. As formas da poesia são ditadas pela sensibilidade de cada um.

E por falar em tendências e modas, muito ao gosto dos tais iluminados que deram origem a este texto, em nome de quem se pode dizer que a rima já não é poesia? Com que legitimidade se apregoa que o amor é uma temática morta na poesia? Quem delibera isso? Os intelectuais que só regurgitam postas de pescada, a coberto do anonimato, pela internet fora? Os mesmos imbecis, ou primos desses, que querem empobrecer culturalmente os povos?

Como disse, a poesia não é elitista... é universal. A poesia não quer saber se é escrita por académicos ou pelo mais humilde rimador popular. A poesia não quer saber se quem a escreve faz amor até ver estrelas ou se somente faz amor depois de ver espectros pelo pó inalado. A poesia não que saber de modas nem tendências. A poesia é, por si só, uma tendência e, independentemente do estilo, da forma, do conceito, da sensibilidade, seja do que for, nunca estará fora de moda.

MANU DIXIT

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