sexta-feira, 18 de agosto de 2017

EU FALO DE... VIVER COMO NUMA FÁBULA

Tal como na vida, andar pelas redes sociais é sujeitarmo-nos ao escrutínio, nem sempre lógico e ponderado, dos demais.

Tal como na vida, mas ainda mais no mundo virtual, somos analisados em função de cada palavra escrita, de cada imagem revelada, por cada vitória conquistada ou derrota sofrida.

Tal como na vida, também na internet, não conseguimos agradar a gregos e a troianos e somos julgados como na fábula do Velho, o Menino e o Burro.

Sirvo-me dos três parágrafos anteriores para dissertar sobre duas situações que, sendo diferentes na génese, são alvo de análises semelhantes ou equiparáveis.

A primeira, motivada pela recente onda de "amigos" virtuais (alguns até bem reais e presentes) denunciados por motivações que só aos denunciantes cabe explicar, adivinhando desde já que nenhum virá aqui justificar-se.

Para início de conversa quero dizer que, apoiado pela experiência de alguns anos e algumas denúncias sofridas, e independentemente de outras causas, cheguei à conclusão que estas situações são proporcionais à visibilidade que se tem, principalmente aquando de demonstrações claras de bem-estar, felicidade e/ou realização.

Como disse, cabe a cada denunciante explicar as suas motivações mas, como isso nunca sucederá, resta-me especular...

Creio que existem dois factores principais para as denúncias:

1 - Tremenda dor de corno (ou cotovelo se assim preferirem) por verem alguém fazer exactamente a mesma coisa mas ser alvo de uma atenção maior, que se reflecte no número de "likes", comentários e partilhas.

2 - Infelizmente, existe muita gente com uma vida tão sem sal que a única forma de lhe dar gosto e apimentar é provocando situações que levem outros a sentirem-se incomodados e a expressar publicamente esse incómodo.

Depois - o que vou escrever vai chocar alguns - os denunciantes, em pézinhos de lã, como quem vem em socorro dos prejudicados, juntam-se às vozes dos indignados e tentam desta forma fazer passar a mensagem de gente solidária e retiram, desse modo, a possibilidade de serem vistos como possíveis autores da denúncia. Aos que pensam que o que escrevi é apenas teoria da conspiração, por favor, observem com atenção os comentários a qualquer desabafo de um denunciado e digam-me se não têm sempre alguém, que nunca teve a sua imagem como foto de perfil, a comentar. Pois é... no meio de diferentes opiniões e sentenças, sobre a justiça ou injustiça da situação que levou à sanção e/ou bloqueio/interdição de uma página, há sempre um abraço solidário do perfil sem rosto. O anonimato, que as redes sociais permitem aos denunciantes, cria este tipo de interacção cínica e, digo eu, deve dar-lhes uma satisfação tremenda sentir que enganaram mais um pacóvio.

A segunda situação, que como disse, é diferente mas também é alvo dessa multiplicidade de opiniões, embora sem direito a denúncias, está ligada às partilhas que fazemos. Passo a explicar:

Se partilhamos muitos textos nossos aparecem sempre alguns a “exigir” que nos moderemos, para outros devíamos ter uma imagem a ilustrar ou uma outra mais adequada. Se publicamos esporadicamente há sempre alguém que acha pouco e devíamos partilhar mais. Se partilhamos mais coisas de outros autores há sempre alguém que diz que devíamos publicar apenas os nossos, outros dizem que devíamos equilibrar as coisas. Se não partilhamos coisas de outros uns acham que somos demasiado narcisistas, outros acusam-nos de não sermos solidários. Isto para não falar do que dizem sobre os comentários que deixamos, ou não, nas publicações dos outros. Enfim, cada um caga sua sentença e, por mais ou menos que façamos, nunca conseguimos agradar a todos e todos eles é que estão certos.

Dito isto e para terminar, sugiro aos denunciados que continuemos a fazer como até aqui, mesmo que isso nos faça voltar a sofrer “castigos/interdições”. Deste modo continuaremos a contribuir para a felicidade momentânea dos denunciadores e que mais queremos nós da vida senão a felicidade generalizada? Por outro lado, não há como evitarmos sermos personagens da fábula “O Velho, o Menino e o Burro”.

MANU DIXIT

2 comentários:

  1. Boa tarde Emanuel Lomelino,
    Adorei conhecê-lo pessoalmente, adorei a troca de experiências, falo de si algumas vezes em família, porque me marcou pela positiva.
    Considero o seu trabalho de divulgação, muito meritório, e já o expressei publicamente.
    No que respeita a este texto, infelizmente a sociedade está demasiado "estranha". Faço atendimento ao público há anos, e tem dias que...
    Concordo consigo, e felicito-o por se ter expressado de forma tão frontal, que me parece o seu espelho.
    Desejo que continue o seu excelente trabalho, que o mesmo cresça, e o faça verdadeiramente feliz (aliás, só o verdadeiro interessa).
    Da m/ parte, abraço recheado de muita alegria,

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