Sobre o colecção Status Quo, que coordenei a pedido da
Edições Vieira da Silva, e na sequência do que deixei em suspenso no primeiro
texto que escrevi, tenho algumas coisitas para dizer.
Reitero a minha satisfação por ter conseguido levar a
bom porto esta tarefa que me foi entregue e reafirmo o meu contentamento pela
confiança que em mim depositaram - tanto a editora como os autores.
No entanto, tal como escrevi então, este projecto
acabou por revelar-se agridoce porque nem tudo correu bem e, tal como fiz na
altura junto dos autores, assumo as minhas responsabilidades por inteiro e dou
a cara por todos os erros, mesmo os cometidos por terceiros.
O meu maior erro, e que servirá de aprendizagem para
futuros projectos, foi não ter acompanhado mais em detalhe cada passo, após o
envio do material para a editora. Errei ao esperar que as falhas, que
entretanto ia detectando, fossem resolvidas e, acima de tudo, assumidas por
quem as cometeu. O meu erro foi pensar que todos os envolvidos se dedicariam a
este projecto com a mesma paixão e entusiasmo que eu e os autores. Isso não
voltará a acontecer. Não voltarei a cometer esse erro.
Quando falo em terceiros, não estou a referir-me aos
responsáveis da editora que, gabo-lhes a paciência, tiveram de ouvir-me
protestar constantemente. Quando falo de terceiros, estou a referir-me a uma
equipa de paginadores que, durante todo o tempo, demonstrou poucas qualidades
para além de incompetência. E, não tenho problema algum em afirmar, sofrem de
uma liderança bacoca, sem sentido de responsabilidade e tremenda falta de brio
profissional.
Mais grave ainda, para mal do "líder", que
teve a ousadia de querer falar comigo pessoalmente - como se eu me intimidasse
por falar com chefias - foi ter tentado mandar-me areia para os olhos como se,
a minha parca formação e escassos conhecimentos informáticos, fizessem de mim
um retardado que come gato por lebre.
Sim, sou um burro a nível de informática... mas não
sou burro o suficiente para acreditar que alterar o suporte digital de um
ficheiro altera todo o ficheiro a ponto de mudar os textos de sítio. Quanto
muito, digo eu que sou o burro informático, os últimos versos de um poema ficam
juntos ao título do poema seguinte. Mudar o suporte de um ficheiro não altera a
ordem dos poemas nem repete poemas.
Sim, sou um burro a nível informático... mas não sou
burro suficiente para deixar que um "líder" incompetente defenda a
incompetência da sua equipa que, vai-se lá saber por que razões, decidiram
alterar as estruturas do ficheiro e colocar, ao contrário do original, poemas
de dupla página na mesma folha.
Sim, sou um burro a nível informático... mas não sou
burro suficiente para não detectar erros tão grosseiros e deixar passar em
claro, sem reclamar.
E tudo isto aconteceu a propósito dos três primeiros
volumes da colecção. E tudo o que escrevi nos três parágrafos anteriores foi o
que eu disse ao "líder" da paginação, na presença dos responsáveis da
editora. E disse também que, se voltasse a receber os ficheiros pdf naquelas
condições, não me custaria absolutamente nada voltar a falar com os autores,
que convidei para a colecção, pedir-lhes desculpa por os ter feito perder tempo
com este projecto e, simplesmente, cancelar tudo.
Acto contínuo a esta minha postura: não voltei,
sequer, a receber os ficheiros finais, que foram enviados directamente aos
autores restantes, sem passar pelo meu crivo. Consequência disto: na altura da
Feira do Livro de Lisboa, uma das autoras ficou desolada com o resultado final
do seu livro, completamente diferente do que havia ficado estipulado entre mim
e ela.
Por muito que os editores não tenham culpa directa no
sucedido, eu não podia deixar de lhes apontar o dedo por terem deixado de me
enviar os ficheiros para aprovação e compactuarem com a incompetência da equipa
de paginadores.
Mas para grandes males, grandes remédios e o ficheiro
desse livro foi reformatado e reenviado para impressão correcta.
Sim, estou tremendamente orgulhoso do resultado final
da colecção Status Quo. Foram muitas horas de dedicação, de contacto com os
autores, de revisão aos textos, de negociação com alguns autores para se chegar
ao melhor livro possível, de fazer ponte entre autores e editora, de acompanhar
o processo (enquanto me foi permitido), de defender os interesses dos autores
junto da editora.
Não, não fiquei completamente satisfeito porque foram
muitas horas desperdiçadas a remendar incompetências, muitas horas a rever
trabalhos de paginação mal executados, foram muitas horas de conversa
desnecessária quando tudo poderia ter sido feito com tranquilidade e em muito
menos tempo. Não posso ficar completamente satisfeito quando o objectivo de ter
toda a colecção pronta a tempo da Feira do Livro de Lisboa foi por água abaixo
porque, vai-se lá saber as razões, uma equipa de paginação decidiu fazer um
trabalho de auto-recriação e mais não fez que demonstrar aptidões de
incompetência.
No fim de tudo isto, sobra-me a confiança dos editores
e dos autores e a experiência. No futuro outras experiências me esperarão,
certamente.
MANU DIXIT
Compreendo-te perfeitamente. O mundo editorial tem-se expandido nestes últimos anos, mas infelizmente nem sempre com qualidade e profissionalismo. Um abraço
ResponderEliminarGrato pela visita comentada.
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