Nas minhas andanças literárias, deparei-me com uma autora que me desperta imensa vontade de mergulhar na arte da sua escrita e em conseqüência disso quero que todos sintam essa mesma vontade, não sei reter o que acho que deve atingir diversas almas e corações. Divulgando... As Filhas de Manuela, de Bárbara Lia. drikka inquit
Fragmento:
(...)
Conheci uma escritora triste que sempre fica na Livraria Ponte de
Tábuas, tomando um cappuccino e escrevendo. Ela me vê. Conversamos
telepaticamente. Ela diz que gostaria de ver Proust e não eu. Eu pergunto. Quem
é Proust? Passo horas ouvindo sobre Proust. Ela o admira. E ela diz que
adoraria que eu fosse Proust, pois eu poderia dizer se os escritos dela são
Literatura ou desabafo. Poesia ou nada. E ela lê para mim e eu ouço e acho
lindo. Ela diz que achar lindo não significa muito. Ela diz que as pessoas
choram com propaganda de margarina e gostam de axé. Eu não sei bem o que é axé.
Digo que meu avô ouve umas óperas belíssimas e que minha avó adora Chico
Buarque. Ela sorri e diz: — Berço de ouro o teu, Mel. Eu sorrio. Nasci em berço
de ouro. Sim. Eu nasci. Ela diz que tem nome de escritora: Virginia. As minhas
tardes ganham nova alegria. Sento-me diante de Virginia e tenho aulas de
Literatura. De vez em quando ela se queixa por eu não ser Proust, mas, com o
tempo deixa de humilhar-me por causa de Proust e começa a ser mais amiga. (página
133)
As Filhas de Manuela trafega pelo realismo mágico. É um
romance de fôlego, inicia em 1839 em plena Guerra dos Farrapos e segue até
os dias atuais. O enredo acompanha a vida de todas as descendentes
de Manuela, uma garota simples de Paranaguá que, ao encontrar um
oficial da Armada Nacional, muda totalmente de direção a sua vida pacata.
Manuela, quando sai em busca deste homem amado, encontra alguém
cruel. Este outro homem, rejeitado por Manuela,
amaldiçoará Manuela e as futuras gerações. Esta maldição
acrescentará dor e perdas e o adendo de levarem, todas as mulheres da
estirpe de Manuela, uma sombra da cor do sangue. Como cada mulher
viveu esta peculiaridade e os desdobramentos deste
encontro de Manuela com o amor e o ódio definirá os passos
futuros destas mulheres em um círculo de perdas e superações.
As Filhas de Manuela
Triunfal Gráfica e Editora 2017
150 páginas
ISBN 978-856117566-5
Menção Honrosa na Primeira Edição do Prémio
Fundação Eça de Queiroz
Bárbara Lia (Assaí, Brasil, 1955) é Poeta e Escritora.
Publicou
doze livros (poesia, romance e contos).
Destaque
em vários Prêmios Literários, entre eles: SESC, UFES, Prêmio Cataratas, Helena
Kolody e Newton Sampaio.
Integra
várias Antologias, entre elas: O que é poesia? (Confraria do Vento), O melhor
da festa - 3 (Festipoa), Amar, verbo atemporal (Rocco), Arqueologia da Palavra
- Anatomia da Língua (Literatas - Maputo) e Fantasma Civil (Bienal
Internacional de Curitiba).
Vive
em Curitiba.
contato da autora: barbaralia@gmail.com
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