Carta à poeta...
Patricia Porto, quando os poetas se dão
palavras, as mãos vão junto. Atitude nada fácil nesses tempos de recuos, de
olhar o mundo através das frestas e se julgar participante da gira.
Sorte nossa, poeta, você seja oposta a tudo isto.
Seu verso pega pelo pescoço, tanto esgana quanto afaga. Traz pra vida. Me
arrisco afirmar que a alma de “Diário de viagem para espantalhos e andarilhos”
esteja na página 18, mais precisamente no verso: “Viajar é ser estrada’.
Me arrisco porque é imprudente prever seus
caminhos, que vão do acalanto – o poema “Maria Judite”, à página 35, não me
deixa mentir – ao hard punk rock: “Transberro”, na 124,comprova o que digo.
Patrícia, te penso música sempre que te leio.
Tantã, telecoteco, coco, carimbó, curimba:
“Se o
tempo é fraco eu bato
faço da madeira um barco
se o tempo é forte eu danço
vestido de temporal...”.
faço da madeira um barco
se o tempo é forte eu danço
vestido de temporal...”.
Taí a
prova no poema “Gira”, página 165.
E quando me julgo refeito dos espantos da viagem você
me oferece um poema: “Janela IV: das conversas com Teobaldo”. Ora, poeta, justo
eu, de falar pensativo, tão rápido e pouco? Você abre o meu poema coma a
palavra “abismos” e fecha com “invisível”. No coração do poema os versos: “A
vida é curva / É pingo de sal na ferida acesa...”
Sei muito bem como é isso, poeta, esse não se dar
pausa no sonho nem na carne, que nos aguardam (e lá vamos!) aos encantos das
outras viagens...
Admirado e agradecido abraço
Délcio Teobaldo
Sem comentários:
Enviar um comentário
Toca a falar disso