sangrar faz parte
"Devia ter lá meus quatorze anos, adorava jogar
queimado na escola, e talvez fosse dessa escola o que mais gostasse! Queimado
com os amigos todos, o papo na escadinha da capela, as paqueras nos bancos do
jardinzinho que tinha poemas do Gastão Neves ,um poeta local, as zoeiras com as
meninas, os conselhos amorosos que dava por conta do que lia nas revistinhas
Carícia, onde explicavam tudinho, mas eu mesma nem nunca tinha dado um beijo
que fosse... sabia de nada, nem me interessava muito pelos meninos... até
parecia um... E ae, numa tarde perdida, solta e vadia, percebi que meu corpo
sangrava. Ooo, que merda, pensei. Comuniquei ao Superior Conselho Feminino
Familiar, (SUCONFF), importante órgão regulador vigente, (mama,manas, avós,
tias e amigas). Notícia correu e tarde seguinte lá vinham elas, já idas daqui
agora: - minha Tia Cassinha, cor de jambo, carnes fartas, doçura absoluta, toda
toda só cuidados e vó Zariff, jeitão e nome de árabe, gênio de Amazona, ariana
retada, mas brasileira mesmo, filha dessas nossas deliciosas misturas e
temperos que ''nem nós tudo"... e muitíssimo atenta aos movimentos da
netarada... e ae me chamaram para a sala e pediram que eu me sentasse...
tcharam... pensei: - ihhhh, lá vem... Sentei em frente 'as duas, com meu jeito
né, desconstruído, despoluído, descontraído, pernas abertas e um ar de
"que saco hein"... ae firme e direta, como era de seu costume, Zariff
diz: - Muito bem Dona Andréa (chiiiii), agora você já é uma mocinha (sic) e não
pode ficar por ae sentando de pernas abertas, brincando o tempo todo com os
meninos, falando palavrão, tem que se comportar mais, se dar o respeito...
agora, mais ainda, tem que tomar muito cuidado com os beijinhos, essas coisas,
porque pode dar problema... juízo Dona Andréa, juízo!... rs... e veio um
tremendo tratado de "não podes", que no fim, basicamente dizia
"não fodes"... de modess, que eu, fiquei toda bolada, e só fiquei
pensando nos perigos dos beijinhos... e olha que nem pensava tanto nisso, mas
depois de tudo isso, era só no que pensava... rs... ai ai... mulheres "...
mini-Biografia:
Andrea Sant Anna
Mãe, avó,
contadora de histórias, arte-educadora, ceramista, oficineira, Terapeuta
Corporal
Expressar-se é curar-se. Me interessam coisas de cura
e expressão. Arte e saúde. Coisas de dentro e de fora. Coisas com as próprias
mãos , como desenhar, tocar, escrever, modelar, massagear, comunicar,
acarinhar, cuidar, acolher, nutrir. Me
interessam as pessoas, sobretudo, as crianças , melhor momento dos humanos!
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