sexta-feira, 17 de março de 2017

EU FALO DE... MUSA VIAJANTE

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR CHIADO EDITORA
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Se, em algumas ocasiões, torna-se difícil para mim escrever sobre um ou outro livro, pela uniformidade estilística e de conteúdo da grande maioria dos autores, outras há em que a tarefa afigura-se mais fácil e tranquila pela escrita diferenciada. É o caso deste MUSA VIAJANTE de Frassino Machado.

Não sendo para mim um autor completamente desconhecido, não deixa de ser verdade que o volume dos seus textos que passou pelo meu crivo de leitor era reduzido e não me permitia ter uma opinião formada com forte base de fundamento.

Neste momento e após a leitura deste MUSA VIAJANTE, sabendo de antemão que é apenas um de vários livros do autor, já consigo afirmar, sem correr o risco de errar estrondosamente, que estamos perante um autor com elevada consciência do seu ofício e, acima de tudo, com a capacidade de transportar para as criações, com enorme fluência e rigor, todo o seu saber, tanto da vida como da arte poética.

E se da vida cada um adquire as suas próprias experiências e reage nas suas próprias condições e termos, já na vertente poética torna-se evidente quem é que "sabe da poda" e/ou "estudou as lições" que nos foram deixadas em legado.

À primeira vista pode parecer que as duas vertentes são gémeas na concepção, no entanto existem mais diferenças que semelhanças.

Para exemplificar esta minha ideia façamos uma analogia:

Todos nós, numa qualquer altura da nossa vida (nem todos da mesma forma) ficámos a saber que o fogo queima - esse conhecimento foi-nos dado pela experiência de vida. No entanto, só alguns conseguem distinguir diferenças entre as origens de cada fogo - esse conhecimento é transmitido pelo estudo. O mesmo acontece com a arte da escrita. Todos sabemos, em maior ou menor grau, o que é poesia e como se faz, mas nem todos sabem distinguir as diferentes tendências, as distintas fórmulas, e tampouco as sabem executar. Para isso é preciso estudar a fundo a matéria.

E é precisamente esta distinção que consegui observar na leitura deste MUSA VIAJANTE.

Neste livro, o autor Frassino Machado faz uso de uma das ferramentas mais clássicas da poesia portuguesa, e, por consequência, lusófona; a redondilha maior. Direi mesmo que em certos momentos essa particularidade quase nos transporta ao tempo das trovas, cantigas de amigo, de escárnio e mal-dizer. E essa capacidade só a pode ter quem estudou a matéria exaustivamente.

O mesmo posso dizer, e porventura com mais propriedade, da inclinação, que me parece natural neste autor, do uso do soneto clássico (petrarquiano), do soneto inglês (shakespeariano) e do soneto estrambótico, que, diga-se em abono da verdade, quase ninguém conhece e poucos ouviram falar, não sendo por isso menos clássico.

Contudo e apesar das abordagens mais clássicas e uma ou outra referência de cunho histórico, a poesia em MUSA VIAJANTE é transversal no tempo e bem moderna pela actualidade - essa sim baseada na experiência do homem, que empresta o corpo ao autor.

Tudo o que acabei de escrever serve para garantir que, MUSA VIAJANTE de Frassino Machado, é um livro que recomendo vivamente, não só pelo conteúdo temático muito diversificado mas também, e em maior relevo, por ser um excelente manual de como poetar usando estruturas clássicas sem deixar de criar modernidade.

MANU DIXIT

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