John,
Como podemos justificar que a moral consiga sobrepor-se à revolta interior? Acaso nós, que nos chamamos humanos, temos réstia de santidade suficiente para nos darmos a gestos, atitudes e comportamentos beatíficos, sem que o futuro nos outorgue o remorso? Sinto dificuldade em crer nessa hipótese!
Compreendo que a ambição nascida da responsabilidade possa transformar-se em algo hercúleo, majestoso e superior, no entanto, não consigo entender que, num momento de dor extrema, o sentido ético permaneça inviolável e alguém, com o peito dilacerado pela negritude da perda, consiga resistir à tentação – termo discutível – de mandar as convenções à fava e agir no impulso da raiva; da descrença; do inconformismo; da indignação; da morte espiritual.
Não existem neste tempo – teu, meu, e que virá – os Kinos predispostos a devolver o fruto de incontáveis sacrifícios, de ânimo leve, por mais amarga que tenha sido; seja e venha a ser; a perda. Já não há valores que se sobreponham ao ímpeto da morte.
Talvez paradoxal
Emanuel Lomelino
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