Diário do absurdo e aleatório
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Por vezes as memórias estendem-se, lado a lado, como toalhas de praia, alinhadas na areia fina, a olhar cenografias esgotadas, numa tentativa de fazer aflorar nostalgias.
Noutras alturas, as expectativas desenham cenários e enredos, como fossem oráculos druidas à procura de enraizar em nós teias de hipotéticos felizes augúrios.
Não lhes dou, a ambas, a atenção que pedem porque, talvez fruto de irreverência ou rebeldia, eduquei-me a valorizar o palpável e a não desperdiçar energia com as miragens do tempo, que nada mais são do que engodos da mente, cujo objectivo principal é desviar-nos o foco daquilo que realmente importa e pode impactar na vida.
Não há nada mais decisivo do que o agora; o momento; aquele ínfimo fiapo temporal que determina o nosso futuro e grava o passado que nos explica. Esse ténue instante que surge e nunca se repete, para o bem e para o mal, mas que tem o condão de ser a nossa versão mais verdadeira, mais genuína, mais espontânea.
EMANUEL LOMELINO
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