Diário do absurdo e aleatório
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Há um abismo, criado propositadamente, que dificulta o acesso ao mais íntimo de mim, porque só a mim pertenço, só a mim me justifico, só a mim me cumpro.
Por muito que deduzam pedantismo, tomara cada um ver-se o centro do universo, qual astro com órbita personalizada, e poder acionar ou desligar, dependendo do sentir, a força gravitacional que permite a aproximação de outros corpos celestes.
Muitos usam expediente semelhante, no entanto, sempre subjugados ao engrandecimento material que os “atraídos” proporcionam.
O meu egocentrismo, consciente, é espiritual, intimista, irreversível, meu. A mais ninguém pertence, a mais ninguém é útil, a mais ninguém enriquece.
E, pasmem-se os desavisados, esta convicção prática jamais foi impeditiva dos meus contínuos altruísmos, dos quais tampouco alardeio ao mundo. Quem vê, sabe. Quem desconhece, ignora. E convivo bem com ambos os espectros, porque só a mim cativo.
EMANUEL LOMELINO
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