Diário do absurdo e aleatório
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Sem tirar a importância a outras grandes preocupações das sociedades modernas, um dos maiores flagelos actuais é o sumiço, que está a ser permitido acontecer, de inúmeros locais de culto – as livrarias tradicionais.
Sobre esta triste realidade estão a ser usados argumentos que só convencem os cabeças-ocas que falam de clássicos, mas só leem livros de autoajuda, comprados em supermercados.
Os livros que valem a pena serem lidos raramente os encontramos nas grandes superfícies, porque nunca serão os de vendas mais expressivas.
Livros que fazem pensar, ou melhor, que obrigam a pensar, são incompatíveis com o negócio de consumismo imediato, porque, neste nosso tempo, o acto de pensar está a roçar a extinção.
Os verdadeiros leitores, aqueles que conhecem as diferenças entre as grandes obras da literatura e os manuais de formatação, optam por pensar e sabem que só é possível encontrar bons livros nas livrarias tradicionais.
Infelizmente, esses espécimes raros têm uma capacidade financeira reduzida e isso reflete-se no desaparecimento de espaços icónicos.
A manter-se este círculo vicioso, corremos o risco de necessitar ir ao supermercado mais próximo para encontrarmos um manual prático, que nos ajude a descobrir uma forma de fugirmos à estupidificação que está a instalar-se, e reaprender a pensar.
EMANUEL LOMELINO
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