quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Diário do absurdo e aleatório 57 - Emanuel Lomelino

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Diário do absurdo e aleatório 

57

Nesta bruma cerrada escondem-se os limites das sombras que nos fogem ao olhar e os enganos vestem-se camuflados de farol.

Nesta neblina fechada escondem-se os finais de tarde que nem os mais furtivos raios de sol conseguem iluminar.

Nesta névoa trancada escondem-se as margens vampirescas que se mascaram de anjos para levar-nos ao precipício.

Neste nevoeiro selado escondem-se as barreiras da ilusão com o simples e matreiro propósito de nos ocultar os embustes.

Nesta cortina de fumo espesso escondem-se as armadilhas sedentas de sangue, de quem, com esperança e boa-fé, se deixa guiar.

Os véus do engodo aproveitam-se da cegueira dos tolos e inocentes, como se o prejuízo dos desavisados fosse a única e suprema via para matar a fome da cobiça desmedida e cobarde.

EMANUEL LOMELINO

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