Diário do absurdo e aleatório
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Qual o problema em comer a última batata da travessa, beber cerveja directamente da garrafa, ficar concentrado apenas na refeição e recusar sobremesa?
Onde está o incómodo em ser somente ouvinte, conversar com os próprios botões e não rir de piadas sem graça?
Que erro se comete ao encarar as situações com leveza, ao não dar importância a coisas menores e definir-se prioridades?
Onde está a inconveniência de querer abraçar o silêncio, recusar companhias que não se quer e evitar repetir erros cometidos?
Que prejuízo advém de querer permanecer na zona de conforto, lutar pelo que se acredita e não apostar quando as probabilidades de vencer são ínfimas?
Onde reside o egoísmo da recusa em divulgar pormenores de foro pessoal, em reivindicar direito à privacidade e festejar a preservação da intimidade?
Como pode haver presunção na exigência de respeito, na necessidade de exercer direitos e deveres e preservar a individualidade?
Que obscenidade existe em, apenas, querer ser?
EMANUEL LOMELINO
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