quarta-feira, 26 de julho de 2023

Organ Velle (excerto) - LUÍSA DEMÉTRIO RAPOSO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Quero ser infinitamente o astro. O sol. Esconde-lo primeiro na boca depois entre os seios alcatroando-o até ao último empurrão e penso voltar a escondê-lo a meio lodo entre o que geme nas coxas, fornicar em desespero, fornicar com força e sem ponta de vergonha, fornicar até ao último empurrão em que o esperma explode. A carne em tempestade entre relâmpagos colados à testa, uma metade contra a outra. A mão demorada por todo o lado, e entre as cordas vocais a palavra é divina e a disponibilidade sexual é descobrir joias, virgulas e continuar a esboroar. O peso atormentado. Grave habitual em quantidades e assimetrias onde é mais acentuada a escuridão e de todas as nádegas emanam paragens violentas, subtraindo, tal como sugere a ardência e a fome o exige, e eu só me alimento do que inflama e arde no inferno. Ahhhh o inferno! Ambos gostamos de gemer entre a carne encharcada onde a baba se propaga e escorre, alimento selvagem do amanhã onde tudo cresce, pouco ou nada comum. A inocência está toda no sexo, o sal, a estrela caída que ilumina a realidade em cruéis deslaces, na grácil que a puesía simples descanta. O seio, acre e austero, lapela com vista. Nuvens a horizonte. O caralho, um trovão. O nome, não se diz. Entre as duas a boca dilui. As labaredas, o encarnado em apertadas margaridas. Lábios na chiclete. Dúzias de bocas furiosas, grunhidos, guinchos. O ruído que saí pelo nariz. Um naufrágio. A luz atira-me à janela. O sol a morar-lhe entre os pentelhos. A ideia anarquista de fugir para o meio do amarelo. A boca, dos lábios só, nome de raça.

EM - EROTISMO E SENSUALIDADE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Sem comentários:

Enviar um comentário

Toca a falar disso