LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link
Augusta tinha namorados, um em cada esquina. Dava trela a uns e a outros, porque era alegre, moça nova e sabia que os homens a olhavam com ar cobiçador. Gostava de brincar, divertir-se. Ora, se não for agora quando será? Quando for velha e caquética?
Ti Felisbela cascava nela dia sim, dia sim.
– Tem tento nessa cabeça estovada, rapariga, qu assim na vais a arranjar marido. Passas das mãos dum pas mãos doutro, opois ninhum te quer! Inda cais na má vida qu eu bem vejo o que acontece cas outras. Poe os olhos na filha da ti Rosa do Profiro da ófecina. Aquilo era uma mocetona tã bunita qu’inté é uma dor d’alma andar prai a perder-se nas esquinas nessas noites da cidade.
Mas um coração vadio também bate e o de Augusta tinha um segredo – Artur, esse marinheiro musculado, curtido e bronzeado por dias de mar, com uma lábia de enrolar a todas, derretia aquele coração vadio. Um abraço de Artur e o chão fugia, a terra girava, o mundo desaparecia. Só ele tinha aquele sussurrar aos ouvidos, enquanto roçava a barba ruiva na cara corada dela e o seu nome dito daquele jeito que mais nenhum sabia dizer, naquela voz quente de bagaço e tabaco:
– Agusta, Agusta…. Tu és só minha, nha Agusta.
EM - EXPRESSÃO - COLETÂNEA - IN-FINITA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Toca a falar disso