sábado, 25 de março de 2023

A cruz haitiana (excerto 23) - IARA LEMOS

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Enquanto Santina ensinava a confecção de bijuterias às adolescentes, Davina cuidava da alfabetização dos pequenos, mesmo que soubesse que a maior parte das crianças pouco aprenderia das aulas. Era dela a responsabilidade pela coordenação das escolas que atendiam parte das crianças de Leyon. Mais que pregar o Evangelho, as missionárias defendem que a educação é o único caminho capaz de melhorar as condições de vida do sofrido povo. Nem que, no caso do Haiti, a escola seja apenas um trajeto para encurtar o percurso entre as crianças e um prato de comida.
As freiras compreendem que boa parte das crianças atendidas não terá chances de estudar durante muito tempo. Para aquelas crianças, as aulas servem mais para alimentar o corpo do que a alma. A escola, que deveria ser uma espécie de trampolim em busca de melhores condições, no Haiti é apenas por um período restrito. Mesmo que chegue até à sala de aula, muito raramente a criança conseguirá evoluir nos estudos, uma vez que a fome que a aflige dificulta a capacidade de aprendizagem. Saber que terão a chance de receber uma porção de alimento, por menor que seja, talvez a única do dia, é o que leva muitas das crianças às escolas auxiliadas pelas freiras. Há outros religiosos, contudo, que usam o alimento em troca de sexo.

EM - A CRUZ HAITIANA - IARA LEMOS - IN-FINITA

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