segunda-feira, 20 de março de 2023

A cruz haitiana (excerto 22) - IARA LEMOS

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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“Os homens do extinto Exército Nacional Haitiano entraram sem pedir. Procuravam qualquer coisa, em todos os cantos da casa. Atiraram gavetas e caixas para o chão, abriram todos os armários, nos colocaram deitadas no chão. Buscavam armas e outros tipos de instrumentos que pudessem ser usados numa espécie de revolução. Eles pensavam que estávamos mobilizando os haitianos. Porém não havia nada na nossa casa. Nunca lidamos com armas. Nunca incitamos a violência, em momento algum”, recordou Davina, com uma grande quantidade de detalhes que me fazia viajar na memória delas, como se o momento ainda estivesse vivo.
Nas longas conversas que tivemos, as missionárias garantiram que nada que fosse proibido pelo exército foi encontrado pelos militares durante a vistoria. Tanto que, diante da ausência de provas, as religiosas puderam permanecer no Haiti, conquistando uma vitória sobre seus próprios medos e sobre os opositores políticos da igreja. A grande arma que as brasileiras possuíam, todavia, estava num local onde, nem mesmo que quisessem, os militares contrários a Aristides iriam conseguir alcançar: a mente das religiosas e tudo o que elas pregavam junto ao povo, ao mais clássico modelo do personagem Winston Smith, do clássico sempre recente “1984”.

EM - A CRUZ HAITIANA - IARA LEMOS - IN-FINITA

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