LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Morrer, todo mundo um dia vai. Sempre ouvi. Mas, nesse dia, a frase feita, dita, ouvida, reouvida, atingiu de pungente meus ouvidos. Ou a mente. Ou a razão. Não fosse o coração. Essa história de morrer. Ser chorado por um bocado de gente que está pensando em como deverá ser distribuído seus pertences, quanto vale a casa onde você mora, quem vai ficar com aquele relógio de ouro que havia sido do avô... Ser levado para a morada final dentro de um caixote de madeira todo fechado é de mexer com a ideia. Razão. Mente. Não fosse o coração.
No fim da vida, o avô fabricava caixão. Segundo marido da avó perdera fazenda e meia jogando. De tudo. Bicho, baralho, loteria. Jogou até a sorte grande. A única sorte grande saída na cidade em toda sua existência. Se sonhou ganhar, sonhou, de sempre, desde. Quando se casou com a avó, de dote levou cinco filhos e fazenda inteira a menos de légua da cidade. A mulher nada levou a não ser dois filhos do primeiro marido e duas mãos danadas de boas para fazer quitanda. Enquanto o avô desapossava gado, pasto, roças de milho e de mandioca, a avó cuidava dos cinco filhos dele, de seus dois e das cinco filhas que vieram a ter. À família, deu de comer e de vestir com a mão na massa.
EM - CONTOS E CASOS - TEREZINHA PEREIRA - IN-FINITA
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